06/03/2018
Artigo publicado pelo Jornal Acritica
Wilson Périco (*)
Há 50 anos, os critérios adotados pelo Regime
Militar de “integrar para não entregar”,
radicalizaram o papel e a dedicação quase
missionária das Forças Armadas na Amazônia,
orgulho da brasilidade e instituição mais respeitada
e querida desta porção desconhecida pela absoluta
maioria do povo brasileiro. Com sua presença,
foram determinantes para a União conferir a contrapartida fiscal
para uma ocupação estratégica e civilizatória em resposta à cobiça
internacional. Entre os instrumentos táticos, tem destaque a substituição das importações e e
estímulo às desvantagens econômicas de uma região isolada e castigada por uma carga
tributária uniforme, em relação aos centros desenvolvidos do país e abusiva para quem aqui
viesse empreender. Assim surgiu a Zona Franca de Manaus.
Refazendo as contas essa contrapartida fiscal
de 8% de toda a renúncia fiscal
do Brasil, e compartilhada por Amazonas, Rondônia, Acre, ), Roraima e
parte do Amapá, revelou-se o maior acerto de política fiscal
da História da República na
redução dos desequilíbrios regionais, agregação de valor na indústria de transformação e no
meritório desempenho na proteção florestal.
Este desempenho é o maior ativo climático do
compromisso global assumido pelo Brasil em Paris, em 2015, ao manter quase intacta. A União
Europeia e a Organização Mundial do Comércio nos aplaudem e as empresas, outrora
cuidadosas em assumir sua presença na planta industrial do Amazonas hoje se orgulham de
associar sua marca a um projeto que harmoniza geração de riqueza e emprego com proteção ambiental.
Nas próximas décadas, além de resguardar este patrimônio, queremos fortalecer e expandir o
desempenho climático da floresta,
apoiando atividades sob o critério da sustentabilidade, ou
seja, atendimento das demandas sociais e reposição/fortalecimento dos estoques naturais. Tudo, isso, porém exige associar proteção florestal
a um valor
econômico. Por isso estamos mapeando e encaminhando parcerias acadêmicas, institucionais
e de comunicação com outras regiões do país, não apenas para contar o que fazemos e
destacar as oportunidades e valor do PIB Verde, e trabalhar duro e em conjunto com o que
temos para recompor e reconduzir o país em sua vocação de modernidade e sustentabilidade
civilizatória, como fizemos até aqui.
aqui.
Temos orgulho de responder pela manutenção integral da Universidade do Estado do
Amazonas, de repassar, através da Suframa, os recursos para a construção da Universidade
Federal do Acre, de financiar
a instalação do Centro de Biotecnologia da Amazônia. Este CBA,
entretanto, passadas quase duas décadas de sua inspiração e estruturação com avançados e
sofisticados
laboratórios, não tem sequer CNPJ.
Iniciaremos este ano a formulação dos PPBs indutivos, são indicações de novos produtos
eletroeletrônicos, de comunicação e informação, alternativas de transportes - drones –
equipamentos do agronegócio, etc., todos previamente licenciados, com o apoio já assegurado e maior protagonismo da governança estadual, para adensar a indústria do Amazonas, apenas 0,6% dos estabelecimentos industriais do Brasil. Precisamos, urgentemente, investir na ampliação das parcerias.
Para uma economia considerada o III PIB industrial do país, com apenas 0,6% dos estabelecimentos industriais, que recolhe mais de 54% da riqueza aqui produzida para os cofres federais, segundo pesquisas da USP, deveríamos ter mais respeito e contrapartida do poder central, com o provimento de infraestrutura de transportes, energia e comunicação.
Só
assim, podemos disponibilizar de modo competitivo a indústria da saúde integral e a
bioeconomia que a humanidade demanda.
A demanda fitoterápica
da medicina milenar das populações indígenas viabilizaria essa
indústria, com agregação tecnológica, que se estende à dermocosmética, que pereniza a
juventude juntamente com os alimentos funcionais, que nutrem e
impedem câncer, Mal de Alzheimer, tuberculose etc. Já somos topo do ranking na produção de
proteína de peixe, e temos nióbio, o tântalo, a silvinita, uma imunidade
de minerais preciosos e
estratégicos. Braços abertos, mangas arregaçadas, mãos à obra.
(*) Wilson é economista, presidente do CIEAM, Centro da Indústria do Estado do Amazonas e
vice-presidente da Technicolor para a América Latina.