28/02/2018 08:49
Para responder a pergunta da publicidade oficial, e dizer para onde vamos, a resposta é muito simples. O Brasil que queremos e o remédio para as mazelas que sofremos já foi definido e os remédios receitados. Estas respostas estão nas gavetas do descaso, da amnésia política e da lógica imediatista que o Brasil adotou em sua governança estéril. Cabe recordar alguns momentos pontuais na memória recente da Suframa, cujos instrumentos fiscais de gestão da Amazônia Ocidental vão até 2073, para ilustrar essas ilações sobre o amanhã.
Começando pelo PlanAmazonas, um documento a ser
revisitado, dos poucos gerados para além dos mandados de
governança federal e estadual. Ali, estavam recomendações
preciosas para a conexão da ZFM com o Pacífico, dada a “…
desconectividade do sistema de transportes e as condições
precárias de integração dos diversos modais nas áreas dos
portos. Seu coordenador, o saudoso Raimar Aguiar, traduziu
as recomendações estratégicas do então governador Gilberto
Mestrinho, para retomar e viabilizar a “primazia da
cabotagem de cargas gerais e em contêineres como logística
inteligente de transportes, adotada pelos armadores escoceses para viabilizar a economia da borracha, na passagem do
Século XIX para o Século XX”.
O governo peruano, diante de sua precariedade logística
avançou no aproveitamento do PlanAmazonas, muito mais
que o Amazonas, onde a proposta do Plano foi abandonado
pelos governos seguintes. Como consequência, o Peru fez
“bombar” sua agricultura orgânica e sua exportação de
proteína piscosa.
Embargos da burocracia perversa
Na gestão seguinte ao PlanAmazonas, anos 1996, tivemos o
projeto do EIZOF, de entreposto internacional, para expandir
a produção da ZFM; naquele lugar onde sonharam a
malfadada Siderama, uma siderúrgica insana, sem pé nem
cabeça no meio da mata; os diversos EIA-Rimas da BR319, que
consumiram inúteis R$ 200 milhões, para liberar uma estrada
que precisava apenas de uma manutenção corretiva e
preventiva; o CBA, a biondústria gnomo, sem CNPJ que defina
seu modelo de gestão. E o polo gás químico, que viabilizaria a
indústria do plástico verde, ou o polo de produção de placas
foltovoltaicas, nunca empinado por pressões da mediocridade
da burocracia federal. Tem ainda o Hub aéreo no lugar da base
aérea, que poderia operar do outro lado do rio e deixar a
opção inteligente do aeroporto de cargas e competitividade
urgente.
De resto, o desperdício das verbas de P&D, algo em que
precisamos pensar com honestidade e inteligência. Eis alguns
dos projetos pirilampos, semelhantes aos insetos que
acendem uma luzinha curiosa na escuridão da floresta numa
luminosidade fugaz e preguiçosa.
O retrovisor da transparência
Precisamos olhar no retrovisor deste meio século para rever com decência e transparência porque foi mais fácil engavetar que implantar? E também, recordar que já estipulamos, mas fomos tímidos em cobrar a aplicação de pelo menos 3% do faturamento líquido anual da ZFM para a infraestrutura. Seria uma dinheirama capaz de modernizar no padrão Cingapura a inteligência logística tropical do que precisamos para superar o atraso e a mesmice viciada dos velhos paradigmas que perpetuam o pacto da mediocridade. Tudo indica que seguiremos buscando equacionar os gargalos recessivos da economia se formos capazes de desvincular desta tarefa a participação pífia da classe política, muito empenhada em resguardar seus interesses imediatos e livrar-se de ações na justiça. Se a Lei manda aplicar em turismo a contribuição do desenvolvimento integral, que seja revisto e acatado o expediente legal.
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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. cieam@cieam.com.br
Publicada no Jornal do Commercio do dia 28.02.2018