22/01/2018
Notícia divulgada pelo G1
Enquanto você usa o WhatsApp para acionar os contatinhos, saiba que máquinas e robôs também possuem um canal
próprio de comunicação pela internet. E não tente: humanos não são aceitos.
Essas máquinas conectadas formam a chamada internet das coisas (IoT, na sigla em inglês). No Brasil, essas conexões
existem em maquininhas de cartão e rastreadores de veículos. Mas outros países já conectam de bicicletas a braços
robóticos de indústrias, e as máquinas online já chegam a 8,4 bilhões de exemplares.
Já há mais máquinas conectadas que celulares – são 2,1 bilhões de smartphones no mundo hoje. E ele será ainda maior
quando o 5G entrar em operação, a partir de 2019.
Redes para máquinas
Não se assuste. Mas, enquanto o seu celular capta 3G e 4G, os robôs ganharam redes próprias no ano passado. Os nomes
são estranhos, como LTE-M e NB-IoT. Ambas podem usar o espectro LTE, a mesma tecnologia por trás do 4G. A primeira
manda pacotes mais robustos, e a segunda, dados menores a um número maior de dispositivos.
A vantagem é que o tempo de resposta da conexão é menor, e a bateria dos aparelhos conectados a essas redes dura
cerca de dez dias.
"Se o dispositivo estiver conectado a redes móveis de IoT, as características são diferentes da de um celular, cuja bateria
pode morrer em dois dias. Com as máquinas você não quer isso", diz Andrew Parker, diretor do programa de vida
conectada da GSMA.
Não quer dizer que as máquinas não usem redes de celular de gente de carne e osso. Um quarto de todos os acessos à
rede 2G no Brasil, ou seja quase 14 milhões, são feitos por máquinas.
Mas LTE-M e NB-IoT surgiram para contornar uma limitação das redes tradicionais de celular, que não funcionam bem com
aplicações que transmitem pequenas quantidades de dados e de forma não frequente.
É aí que entra o 5G. Com estreia prevista para 2019, ele deve turbinar a internet das coisas, graças a características como a
menor latência e a possibilidade de dividir a capacidade da rede para diversos tipos de aplicação.
A Siemens, um dos maiores conglomerados industriais do mundo, criou o Mindsphere, um sistema em que os dados
produzidos e trocados por máquinas são usados por diversas aplicações.
Murilo Morais, especialista em tecnologias digitais para indústria, explica como ele funciona.
"Os celulares têm dezenas de sensores que produzem dados, como microfone, GPS e câmera. Android ou iOS pegam
dados desses sensores, levam para uma camada de aplicação e esses apps, o Waze por exemplo, têm acesso a eles. O
Mindsphere faz a mesma coisa, só que no ambiente fabril. Pega dados de sensores e leva para plataforma em que ?ficam
disponíveis para aplicativos usarem."
Há desde softwares que recebem dados de máquinas para avaliar quando precisarão de reparo, a chamada manutenção
preditiva, até sistemas que reproduzem no mundo virtual uma espécie de irmão gêmeo do maquinário instalado em uma
indústria. Assim, é possível fazer simulações de quais mudanças podem aumentar a produtividade ou reduzir problemas.
Já o CADence, da AUM Cardiovascular, é um estetoscópio inteligente, que analisa os batimentos cardíacos. Ambos os
aparelhos "contam" as informações coletadas a serviços na nuvem, que apresentam um diagnóstico.
Um dos exemplos de máquinas conversando mais amplo é da Mobike, uma startup chinesa que espalhou 7 milhões de
bicicletas em 180 cidades de todo o mundo. Equipadas com GPS e processador, elas são destravadas só por aplicativo: sem
isso, as rodas nem giram.
Os quase 110 milhões de usuários pagam por tempo e podem deixá-las em qualquer bicicletário. Por dia, as pedaladas
geram 20 terabytes de dados, como as rotas mais usadas na cidade.