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Indústria quer mais crédito para acelerar investimentos

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04/01/2018

Notícia publicada pelo Correio Braziliense

Após três anos de resultados negativos, a indústria brasileira virou 2017 com crescimento positivo de 0,2%. O resultado é pequeno e ainda insuficiente para melhorar a participação do setor industrial no Produto Interno Bruto (PIB). O indicador chegou a 21%, mas já foi de 26% em 2012. Apesar do resultado modesto, a indústria de transformação vem apresentando números mais sólidos e deve fechar o ano com alta de 1,2%.

Há situações mais preocupantes. Segundo a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o setor de manufatura, a parte mais nobre do segmento produtivo, vem perdendo participação no PIB ao longo dos últimos anos. Sua participação desceu de 18% em 2004 para 9% em 2015. Em 2018, deve chegar a 11,1%, o percentual mais baixo em 65 anos.

Embora os números sejam modestos, 2018 deve apresentar um cenário de recuperação mais consistente, esperam entidades e empresários, com menor endividamento das famílias, aumento do crédito e, consequentemente, maior consumo e produção. Segundo análise da Fiesp, a economia deve ganhar força também com as condições mais favoráveis do mercado externo, a melhora do emprego (2017 fechou com mais de 12 milhões de desempregados) e da massa salarial.

As previsões positivas, de acordo com a Fiesp, têm respaldo nos resultados da economia, que apresentou três trimestres seguidos de crescimento do PIB. “É um sinal evidente de recuperação, sustentada pelo consumo”, diz José Ricardo Roriz, diretor do departamento de Competitividade da Fiesp.

Roriz lembra ainda que a prioridade da indústria em 2018 é dinamizar o acesso ao crédito, porque as empresas enfrentam barreiras nessa área. Ele também reivindica taxas de juros mais competitivas que incentivem o investimento em geração de emprego. “Hoje é melhor deixar o dinheiro no banco rendendo do que investir”, afirma Roriz.

Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a atividade econômica deve se intensificar ao longo de 2018, com menos oscilações e numa trajetória mais clara de crescimento. “Neste cenário, estimamos um crescimento de 2,6% do PIB para o ano que vem, com participação não só do consumo, mas também do investimento”, disse a entidade, salientando que, “do lado da oferta, o crescimento será mais uniforme do que o observado em 2017, com a contribuição positiva da indústria, agropecuária e serviços”.

O presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso, também concorda com a melhora da economia brasileira em 2017, e a continuidade dos números positivos em 2018, mas espera que o governo resolva alguns problemas que amarram o crescimento do país. “O Brasil controlou a inflação, reduziu os juros, está controlando os gastos e buscando um superavit fiscal”, diz ele.

Até aí, tudo bem. No entanto, Velloso considera que houve um exagero na política de juros altos, que acabou aumentando o desemprego. “Poderíamos ter poupado pelo menos 1,5 milhão de empregos se a dose do remédio (juros) não fosse excessiva”, avalia o presidente executivo da Abimaq, lembrando que a redução dos juros não acompanhou a queda da inflação, o que deixou as empresas em dificuldade até outubro, quando as taxas começaram a cair.

Embora ainda existam muitos problemas para serem resolvidos, em especial a volta dos investimentos e do crédito de longo prazo, Velloso estima que o PIB brasileiro deverá crescer em torno de 5% em 2018, percentual bem acima dos 3% previstos pelo governo. Para o presidente executivo da Abimaq, investimento deve ser a palavra de ordem da equipe econômica do atual governo e do próximo que virá, além das reformas da Previdência e tributária.

Velloso reconhece as dificuldades dos estados, que estão sem capacidade de investimento em função da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos gastos, e da queda da arrecadação, que ainda vai demorar a normalizar-se. Ele também cita os ajustes da União, que fez vários cortes nos investimentos para 2018. Com isso, alerta para a urgência do investimento privado, mas com um custo de capital que seja compatível com o retorno das empresas.

Política industrial

Fernando Figueiredo, presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), considera que, do ponto de vista macroeconômico, a reforma tributária é mais importante para a indústria do que a da Previdência. Além das reformas, que devem encaminhar as soluções para o país continuar a crescer de forma sustentável, o governo precisa definir uma política industrial forte para que as empresas voltem a criar empregos de qualidade no Brasil. “Para que isso aconteça, é preciso uma indústria forte e uma política industrial que leve em conta os setores em que o Brasil tem vantagens competitivas, como é o caso da indústria química”, sugere o presidente da Abiquim.

Assim como seu colega da Fiesp, ele defende uma simplificação no sistema tributário que reduza, pelo menos, o custo para cumprir as obrigações impostas pelo Fisco. Figueiredo também defende a diminuição dos custos do gás, que chega a ser 30% mais caro que o insumo concorrente, a energia elétrica brasileira, “a mais cara do mundo”. Enquanto o governo não se mexer, o setor continuará sofrendo.

Bola de cristal

As expectativas da indústria para 2018

2,6%

PIB

3%

PIB da Indústria

11,8%

Desemprego

4,4%

Inflação

6,75%

Taxa de juros

2,12%

Superávit primário

3,2%

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