16/12/2017
Notícia publicada pelo site Valor Econômico
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) espera crescimento em 2018,
mas reconhece que "há uma incerteza muito grande" por conta do quadro
eleitoral no próximo ano. A avaliação é do gerente-executivo de política
econômica da entidade, Flávio Castelo Branco. Ele fez um balanço deste ano
e projeções para 2018 ao comentar o Informe Conjuntural da CNI, divulgado
ontem.
O levantamento estima avanço de 2,6% para o Produto Interno Bruto (PIB)
em 2018 depois de crescer 1,1% em 2017. Nesse cenário, a indústria deve
avançar 3% no próximo ano após alta de apenas 0,2% em 2017. A formação
bruta de capital fixo (FBCF) deve aumentar 4% em 2018, após queda de 2,1%
em 2017. "A retomada da atividade não demanda tanto investimento, porque
há capacidade ociosa", disse o economista.
O desempenho positivo só se sustentará "com a retomada do investimento
privado", disse Castelo Branco. Para o presidente da CNI, Robson Braga, "o
setor público não tem mais recursos para investir. O crescimento de agora foi
baseado no consumo interno e nas exportações. Se não conseguirmos mudar
legislação, não vamos atrair investimentos."
Para a entidade, a inflação foi "a grande surpresa positiva de 2017", que
"viabilizou a queda da Selic para 7%", segundo Castelo Branco. Em 2018, a
CNI espera alta de 4,4% nos preços, o que levará a Selic a ter apenas um
corte, de 0,25 ponto, em fevereiro. Assim, a taxa básica de juros deve
terminar 2018 em 6,75%.
"A meta fiscal é o grande desafio", considera Castelo Branco. A CNI projeta
que a meta de resultado primário será cumprida em 2018 e ficará deficitária
em 2,1% do PIB. Neste ano, a CNI estima déficit de 2,3% do PIB. "O impacto
da reforma da Previdência é enorme. E a principal conta do setor público é
Previdência", afirma.
As projeções consideram a aprovação em 2018 da reforma da Previdência e,
caso ela não seja feita, as projeções "certamente" serão revistas para baixo
por conta do medo do setor privado de que "o governo não feche as suas
contas", diz Braga.
Já o saldo da balança comercial deve ser menor em 2018, passando de US$
66 bilhões para US$ 54 bilhões por conta de alta maior das importações do
que nas exportações, os embarques devem sair de US$ 217 bilhões para US$
228 bilhões, enquanto as compras no exterior passarão de US$ 151 bilhões
para US$ 174 bilhões, segundo a entidade. "Não acredito que manteremos o
mesmo nível nos próximos anos", avaliou Braga.