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Alta do dólar afeta as importações no AM

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21/11/2019

Fonte: Acrítica

Rebeca Beatriz

Enquanto as negociações comerciais entre China e Estados Unidos transitam em um cenário de incertezas, o dólar atingiu a máxima de R$4,20 esta semana, maior alta desde a criação do Plano Real, na década de 90.

Com isso, o turismo e a exportação no Amazonas devem ser favorecidos, segundo economistas e analistas desses setores. Por outro lado, especialistas destacam que as importações devem ser afetadas negativamente, além de a alta gerar escassez de crédito e alta de juros para o comércio. Isso porque o comércio internacional é balizado na moeda americana.

A alta do dólar também pressiona outras moedas como o euro e torna as importações mais caras. Vale lembrar que justamente os países que estão no impasse comercial, China e Estados Unidos são, respectivamente os destinos para onde mais o Brasil exporta, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).

Para o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Nelson Azevedo, a valorização da moeda americana gera perda de competitividade, principalmente em produtos e insumo que abastecem o polo de duas rodas ou eletroeletrônicos.

"Lamentavelmente nós somos muito dependentes de importação de insumos para abastecer as linhas de produção. Isso impacta negativamente a nossa produção, que é mais de 98% voltada para abastecer o mercado interno. Com relação à exportação, não há dúvidas que a alta do dólar ajuda. É algo positivo, mas na nossa pauta de exportação, o volume de exportação é diminuto, apenas absorve a produção e gera empregos", avaliou.

O encarecimento desses produtos e insumos importados é uma das consequências que devem ser refletidas na indústria, no entanto, o impacto não acontecerá de forma imediata, conforme explicou o presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco.

"Os insumos e produtos que foram comprados até 60 dias atrás não devem sofrer impactos dessa variação cambial. O que deve causar impactos são os produtos que serão produzidos a partir de janeiro e que estão sendo comprados agora, pois o câmbio vai ser fechado na taxa, resultando em impacto no custo dos produtos aqui fabricados. Vai ter um impacto no custo. Os produtos vão ficar mais caros", destacou.

Gilmar Freitas

ECONOMISTA

"Favorece as exportações"

A alta do dólar (atualmente cotado em R$ 4,20) impacta negativamente nas importações, tornando-as de custo mais elevado.

Entretanto, favorece às exportações que adquirem maior capacidade de concorrência.
Isso tanto para o País como um todo, como também para a Zona Franca de Manaus.
Não vejo porque o nosso Polo possa ficar desvalorizado, afinal tudo depende do desempenho da economia na recuperação das condições de consumo, bem como do mercado internacional com respeito às nossas exportações.

Como disse antes, favorece às exportações e encarece as importações. Pode haver reflexos no preço de venda dos produtos que aqui são fabricados, entretanto tudo vai depender do comportamento da demanda e do poder aquisitivo da população.

Os produtos industrializados mais afetados com a alta da moeda americana são aqueles que tiverem em sua composição maior utilização de componentes importados.

COMÉRCIO

No comércio, a alta do dólar também tem consequências. Consultado pela reportagem, o economista da Federação da Indústria e do Comércio no Amazonas (Fecomércio-AM), José Fernando, disse que a economia mundial gira em torno do dólar, e sua variação gera impactos. "Os reflexos na atividade comercial que refletem de forma negativa são três: juros altos, escassez de crédito e câmbio supervalorizado", resumiu.

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Edberto Rodrigues

Economista

O mercado de câmbio sofre influências multifatoriais, tanto do ambiente interno, quanto do ambiente externo. A atual alta está relacionada a um clima de incertezas muito grande no ambiente externo, a guerra comercial entre China e Estados Unidos vem alimentando essa volatilidade já há algum tempo. Tudo isso, somado ao processo de impeachment do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, iniciado em setembro deste ano. O que serve apenas como combustível para isso. Outro aspecto é também o clima na América Latina, com as crises no Chile, Bolívia, Venezuela, que trazem um cenário de ainda mais incertezas. No Brasil, mesmo com a volta da confiança após a reforma da previdência, é possível afirmar que a alta impacta diretamente a economia, isso porque muito dos insumos usados tanto na indústria quanto na agropecuária são importados e cotados em dólar. Logo, os custos de produção tendem a aumentar e assim ser repassados aos consumidores. O mercado de turismo tende a ficar indiferente a essa alta da moeda, exceto para os brasileiros q viajam para o exterior, já que estes, se compraram o dólar antes da alta estão confortáveis. Em contrapartida, para aqueles que vão viajar agora e ainda não compraram o dólar, eu recomendo se planejarem e aguardarem a baixa do dólar para fazer isso.

Ambiente de insegurança aos investidores no Brasil

Se por um lado o aumento do dólar pode trazer condições favoráveis para alguns setores da economia, por outro lado mostra que o processo político brasileiro está desfavorecido.

A análise é do economista e analista político Carlo Barbieri, que ponderou os prós e os contras da máxima da moeda. "Do ponto de vista no turismo para o Brasil é uma atração grande principalmente para americanos por toda a parte da fauna. Quando você tem o dólar a R$ 4,20 você atrai mais turistas.

Para o turismo no Brasil eu vejo isso como beneficiário, porque você vai ter uma conversão da moeda favorável ao turista estrangeiro. No que diz respeito à posição inversa, sai mais caro para o brasileiro ir para os Estados Unidos", destacou.

Barbieri citou ainda acontecimentos políticos que segundo ele refletiram diretamente no cenário econômico do País. "Do ponto de vista política, o grande aspecto negativo é que isso demonstra a falta de confiança no processo político brasileiro. Tivemos duas fases recentemente danosas para o Brasil.

A primeira fase foi a demora na aprovação da reforma da aposentadoria, da reforma do sistema securitário da economia brasileira. A segunda fase muito mais negativa foi a desconfiança com relação ao futuro do Brasil em termos de combate à corrupção", analisou.

Em resumo, um país com as relações políticas conturbadas afasta possíveis investidores. "Se você não confia que o sistema jurídico seja sólido, você não quer investir. Então o dano político dessa insegurança cria uma desconfiança grande. Há uma desconfiança política que não é só americana, mas do mundo todo ocidental, afastando os investidores", concluiu.

Em números

# 150 bilhões

De exportações foi o que o Brasil realizou entre janeiro e outubro deste ano, de acordo com o governo federal. Entre produtos e insumos exportados destacam-se eletrônicos, motores, combustíveis, têxteis, entre outros. Com a alta do dólar, favorece esse mercado.


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