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Coluna do CIEAM

Se é para resguardar a vida

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19/05/2020 10:23

Wilson Périco

Presidente do CIEAM

E-mail: wilson.perico@ wlbp.consulting.com

Pandemia é coisa séria e precisa ser tratada com prudência e sobriedade.
Nossa discordância com o lockdown está diretamente relacionada com a garantia maior da vida.

Fechar, indiscriminadamente, todas as empresas significa remar contra a subsistência e a
sobrevivência da população. As fábricas estão produzindo EPIs, equipamentos de proteção pessoal, álcool em gel, e uma série robusta de produtos essenciais.

Não podemos esquecer que, faz bem pouco tempo, dependíamos em mais de 90% dos suprimentos asiáticos. Com a pandemia os insumos industriais em geral e os itens relacionados ao tratamento da covid19, particularmente, sumiram dos depósitos de fornecedores.

Cruzar os braços agora seria manter pacientes e seus cuidadores em estado de risco absoluto. Nas fábricas, estamos fazendo e doando esses itens. O risco de
vida adicional em série é o desemprego que ainda ronda o lar dos brasileiros, desde a última recessão, e ameaça, particularmente, as empresas do Polo Industrial de Manaus.
Muitas não conseguirão pagar salários com as máquinas paradas.

Dados da CNI já revelam que seis de cada 10 vão ter que recorrer aos bancos para honrar compromissos.

Recorrer aos bancos significa submeter-se às taxas de agiotagem para capital de giro.
Quem suporta isso? O Banco que detém a conta do Estado está cobrando a
taxa de 10% para servidores públicos aposentados (sic!).

Como é descontado em folha, não há risco financeiro, apenas lucro, muito lucro.
E é inaceitável o conceito de flexibilidade adotado - liberaria apenas as indústrias de itens essenciais.

Ora, isso implicaria em parar a atividade econômica. E essa parada das atividades não iria apenas provocar desemprego em massa e suas consequências danosas. Não haveria imposto, portanto, o governo não teria recursos para as despesas com produtos médicos e hospitalares e pagamento das equipes da linha de frente.

Sem tributos, para não só a saúde, mas também a segurança pública, encarregada de conter a violência que se instalará e outros serviços vitais do cotidiano.
Sem receitas, as empresas não vão poder continuar a doação de equipamentos alimentos, produtos emergenciais.

E aí, sim, ficará vazio, irresponsável e explicitamente temerário o discurso de salvar a vida das pessoas com o isolamento radical.

Estamos raciocinando em cima das condições adversas de moradia, educação, saúde e segurança em que se encontram os habitantes da periferia, do interior e das etnias
indígenas. Este segmento, particularmente, padece de imunidade mais do que os outros.
Por isso, precisa de recursos adicionais para proteção.

Ademais, é bom que se diga, as empresas que se dispõem a seguir trabalhando estão utilizando um protocolo rigoroso para prevenir os riscos de contaminação. Uma performance bem-sucedida.

As taxas de contágio são irrelevantes. Basta dizer que os casos anotados ocorreram com colaboradores vindos das férias coletivas. Isso significa deduzir que, no ambiente extra fábrica, as precauções são reduzidas. Queremos enfatizar e esclarecer informações difundidas pelos defensores do lockdown: a entidade Centro da Indústria do Estado do Amazonas não representa o comércio e sim a indústria.

Tratá-la como a CIEAM sugere desconhecimento crasso do papel que exerce como setor produtivo junto ao tecido social. É questionável alguém defender a integridade física da comunidade em que vive sem conhecer quem representa a base material de sustento dessa comunidade. E mais: isolamento radical poderia funcionar, hipoteticamente, para a classe média.

As moradias do cinturão de pobreza de Manaus, entretanto, são apertadas e apinhadas.
Isolar uma população que já tem 45% das pessoas contaminadas pelo vírus ­ como demonstram os estudos científicos do economista Denis Minev ­ significa acirrar o contágio, superlotar os equipamentos públicos e atentar contra a vida dos cidadãos.

Em lugar de sentenciar condutas A ou B, sobretudo quando elas não se baseiam no conhecimento dos dados da realidade, deveríamos sentar, debater e conhecer o problema, para tomar decisões embasadas e comprometidas com o interesse integral da cidadania.
Assim procedendo iremos encontrar os melhores caminhos para este momento de dor e pavor, resguardando o essencial e dispensando o faz-de-conta acadêmico letal.

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Publicado em 20.05.2020 no Jornal do Commercio

Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. cieam@cieam.com.br

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