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Setor têxtil no limite da crise

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20/04/2017

O subsetor têxtil do PIM (Polo Industrial de Manaus) enfrenta dificuldades para manter a produtividade e atender à demanda nacional de sacarias. O setor continua importando cerca de 80% da fibra de malva de Bangladesh; a cheia dos rios deverá afetar, neste ano, a safra local com perda de duas mil toneladas de fibra; além de entraves para a obtenção de investimentos por parte do governo do Estado.

Atualmente, o segmento conta com apenas uma, do total de três fábricas instaladas no Estado, em operação. O país demanda a produção de 17 mil toneladas de fibras de malva, enquanto o Estado deverá produzir apenas três mil toneladas da matéria-prima em 2017.

Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem do Amazonas, Sebastião Guerreiro, a dependência da importação de fibras de Bangladesh somada aos entraves na produção local, como o atraso na implementação de novas tecnologias no cultivo de juta e malva, e ainda, perdas nas safras decorrentes de fatores naturais como a cheia dos rios, resultam em menor produtividade e deficiência para o atendimento ao mercado nacional. Mesmo assim, ele afirma que a Empresa Industrial de Juta S/A, a única em atuação no Amazonas, dá continuidade ao fornecimento de sacarias que são enviadas aos Estados de Minas Gerais (maior produtor de café do país), São Paulo, Espírito Santo e Bahia. A produção atende às sacarias de café e batata. Do total produzido pela empresa local, 98% é comercializado ao mercado nacional e somente 2% é absorvido pelo Amazonas.

Conforme Guerreiro, em 2016 o setor têxtil faturou R$ 27,3 milhões com uma queda de 56% em relação ao ano anterior, quando o segmento contabilizou o saldo de R$ 62,3milhões.

Ele afirma que o encerramento das atividades da Brasjuta da Amazônia S/A Fiação, Tecelagem e Sacaria, em 2015, impactou negativamente o setor. A outra fábrica que fechou as portas foi a Amazon Juta, com instalações localizadas em Manacapuru (distante 99 quilômetros de Manaus).

Os indicadores de desempenho da Suframa apontam que em janeiro deste ano o segmento faturou R$ 7,8 milhões com crescimento de 38,29% em comparação a igual período de 2016.

"Discordo dos números divulgados pela Suframa porque incluem empresas que não fazem parte do setor têxtil. A realidade é que os números voltaram ao patamar que tínhamos em 2011 quando o faturamento totalizava R$ 25,4 milhões", disse. "O segmento têxtil precisa ser melhor assistido por parte do governo do Estado porque é um setor que pode gerar emprego e renda nos municípios do interior do Estado. O sistema produtivo deveria ser repensado porque após anos continuamos dependentes de Bangladesh. A proposta da Brasjuta era fomentar a cadeia produtiva da juta e malva com a intenção de usar 100% a fibra nacional, o que não foi possível", completou.

O empresário ainda frisou que devido a enchente a previsão é que haja perda de duas mil toneladas de malva, elevando a necessidade de importar a fibra. "Precisamos vencer as questões naturais com o uso de novas tecnologias com a mudança de cultivos, por exemplo, das regiões de várzeas baixas para as regiões mais altas.

É preciso criar alternativas. As sementes que foram cultivadas para a safra deste ano foram todas distribuídas pelo setor industrial. Não houve distribuição por parte do governo do Estado", relatou.

Na avaliação de Guerreiro, não há previsão para reativação das empresas que estão desativadas por conta do cenário econômico nacional e pela insegurança por parte dos investidores, que podem correr o risco de não terem fibra para produzir. Há 2 anos o governo de Bangladesh suspendeu, por meio de Decreto-Lei, o uso de embalagens plásticas de polietileno, fato que resulta no aumento do consumo interno da fibra de juta e põe em risco a continuidade das importações da matéria-prima ao Brasil.

"Qualquer iniciativa em reativar as indústrias implica em resolver o problema da produção e obtenção da fibra. Como o empresário vai produzir se não há fibra local e há forte risco de interrupção no fornecimento de fibra pelo país asiático? Qualquer investidor sente insegurança em meio a esse cenário", explicou. "Estávamos na luta para que o setor têxtil e o de beneficiamento de borracha fossem inclusos no projeto da Matriz Econômica Estadual porque até dias atrás não estavam. Essas cadeias produtivas precisam de apoio", completou.

O segmento têxtil envolve cerca de 20 mil trabalhadores entre colaboradores industriais e produtores de juta e malva.

Para o presidente da Faea (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas), Muni Lourenço, o segmento de fibras naturais do Amazonas tem relevante contribuição social e econômica ao Estado. "A produção de fibras tem relação direta com o agronegócio brasileiro a partir da sacaria de fibra e malva que embala o café fornecido a diversos países e que é um dos principais produtos da pauta da importação nacional. A sacaria também embala boa parte da produção de batata e cebola do país", disse.

A reportagem tentou contato com a Sepror (Secretaria de Produção Rural do Amazonas), mas até o fechamento da edição não obteve resposta.

Fonte: JCAM

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