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Ociosidade trava reação das fábricas

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24/04/2017

O processo de desindustrialização vivido no Brasil desde a década de 1980 não deve ser interrompido porque o país não consegue acompanhar o processo evolutivo do resto do mundo, segundo especialistas no setor ouvidos pelo Estado de Minas. “A capacidade ociosa da indústria está muito elevada e o problema é estrutural”, explica Roberto Castello Branco, diretor da FGV Crescimento e Desenvolvimento.

Consideradas em seu conjunto, as fábricas brasileiras têm hoje participação menor no Produto Interno Bruto (PIB, a soma da produção de bens e serviços do país) do que nas economias emergentes. Elas respondem por 11%, enquanto a média das outras nações é de 15%. Na China, a manufatura representa 30% do PIB.

Quando se fala em avanços tecnológicos, como os investimentos da chamada indústria 4.0, Castello Branco é categórico e não vê chances de o país conseguir acompanhar economias mais desenvolvidas. “O Brasil adotou políticas industriais de incentivo, com intervenção do Estado, desde a estratégia de substituição das importações dos anos 1950, criando restrições ao comércio internacional”, afirma o especialista da FGV.

Castello Branco critica iniciativas como a de conteúdo local, da Zona Franca de Manaus, e a de crédito subsidiado, esta última intensificada “sem precedentes” entre 2007 e 2014, que foram ineficazes, pois não conseguiram estimular o crescimento do país. “Mesmo com todos esses incentivos, a indústria encolheu porque não havia competição devido ao alto grau de protecionismo e as empresas não investiram em inovação. Ficaram deitadas em berços esplêndidos, demandando favores do Estado sem cessar e perderam a competitividade”, diz.

Contudo, a perda de espaço da indústria na economia não é uma exclusividade do Brasil, segundo Bruno César Pino Oliveira de Araújo, diretor-adjunto de Estudos e Políticas Setoriais de Inovação e Infraestrutura (Diset) do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). “A tendência de desindustrialização é uma tendência global. O único país onde a indústria não perde participação no PIB é a Alemanha”, destaca.

Consenso entre especialistas é o caso da Embraer, que foi uma estratégia acertada do passado porque envolveu a criação de um centro de excelência próximo, o Instituto de Tecnologia Aeronáutica (ITA), que fornece mão de obra especializada para a empresa. “A Embraer tem uma escola de altíssima qualidade que teve investimento humano e em tecnologia no passado, e que não foi construída com subsídios”, ressalta Castello Branco. Bruno Cesar, do Ipea, lembra que a Embraer desenvolve o produto e agrega valor a ele, mas busca os fornecedores mais competitivos em vários países. “Esse é um dos diferenciais da companhia, mas nem todas acabam seguindo esse modelo no país”, lamenta.

Os especialistas concordam, ainda, em que o país precisa de reformas para que a indústria nacional que sobreviveu aos dois últimos anos de recessão e ao processo de desindustrialização das últimas décadas mantenha, pelo menos, a participação atual na economia.

Além da Embraer, o agronegócio é outra indústria que consegue ser competitiva, pois se desenvolveu com a ajuda de investimentos do governo em inteligência realizados na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), lembram os especialistas.

“Não há dúvidas de que o investimento em capital humano é um importante diferencial competitivo. Além disso, quando a cadeia produtiva é curta, como é o caso do agronegócio e da indústria de mineração, o país consegue se destacar no mercado externo. Mas o problema é quando a cadeia é extensa, como na manufatura. Aí a vantagem comparativa desaparece”, explica o economista-chefe do Instituto para Estudos de Desenvolvimento Industrial (Iedi), Rafael Cagnin.

De acordo com estudo do Iedi, o segmento de commodities (produtos agrícolas e minerais cotados no mercado internacional) passou relativamente ileso pela devastação da indústria entre 2014 e 2016.

Nesses três anos, a produção industrial encolheu 17% e alguns ramos ultrapassaram 50% de queda. Foi o caso dos setores de ônibus e caminhões (-64%), de cabines, carrocerias e reboques (-66%) e de equipamentos de informática e periféricos (-53%). Outros bens de capital – estruturas metálicas e caldeiraria pesada – encolheram 50% entre 2014 e 2016. Outros segmentos, como de fabricação e refino de açúcar e de produção de celulose, conseguiram passar ilesos à crise e tiveram crescimento de 2% e de 19%, respectivamente, no mesmo período.

Fonte: Portal EM.com.br

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