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Mesmo sem a BR-319, setor rodoviário do AM rende R$ 1,2 milhão ao mês

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22/10/2018

Notícia publicada pelo site Em Tempo Online

Em um Estado que é essencialmente interligado por vias fluviais, o mercado rodoviário de transportes de passageiros do Amazonas movimenta, aproximadamente, R$ 1,2 milhão, ao mês. Durante o verão, segundo estimativas do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros por Fretamento de Manaus (Sifretam), esse volume cresce cerca de 5% com a abertura da rodovia federal BR-319, que liga Manaus a Porto Velho.

A rodovia possui um trecho de quase 500 quilômetros em péssimo estado, sem asfalto, tornando-a intrafegável no inverno amazônico. A BR-319 foi recentemente considerada a pior rodovia federal, segundo um estudo da Confederação Nacional dos Transportes (CNT). Há mais de 30 anos com obras de pavimentação parcialmente paradas, a rodovia federal, que recebeu uma obra de manutenção em 2015, permitindo a reabertura dos serviços de transporte de passageiros, ainda passa por estudos de impacto ambiental e indígena, que devem ser entregues em 2019.

De acordo com o presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros por Fretamento de Manaus (Sifretam), Aldo Oliveira, no mercado de transporte interestadual no Amazonas, quando está com a BR-319 liberada para o tráfego, cada empresa fatura por mês, pelo menos, R$ 70 mil. O Sifretam não responde por todas as empresas que oferecem o serviço no Amazonas.

A empresa de transportes Eucatur, que oferece a viagem até Porto Velho, informou que a viagem tem duração de 20 a 24 horas, dependendo da estrutura da estrada. A duração aumenta para 50 horas no período em que as chuvas ficam mais intensas. Neste ano, as viagens foram interrompidas no início de fevereiro e retornaram no fim de julho.

Por semana, são três ônibus que saem da capital com destino a Porto Velho. “Os veículos possuem 44 lugares e, geralmente, saem com todos os lugares ocupados. As passagens, que custam R$ 255,50, são bem mais em conta que o transporte aéreo, por exemplo. Por isso, mesmo com alguns percalços, as pessoas preferem o transporte terrestre”, explica Johny Costa, motorista da empresa há um ano

A dona de casa Edney Freire de Castro, 55, disse que já fez a viagem mais de duas vezes e não se arrepende. Ela conta que, apesar de algumas dificuldades no trajeto, no geral a viagem é tranquila.

“Além de ser mais em conta, consigo curtir o caminho. Sempre que preciso ir visitar minhas filhas, que moram em Porto Velho, faço a opção de ir no ônibus e nunca tive problemas. O veículo é confortável e sempre levo marmitas para ter o que comer no caminho”, conta.

Já a estudante Ketlen Lima, 20, optou pelo ônibus pela primeira vez. A jovem, que viajava com o filho Miguel, de três anos, estava nervosa e apreensiva com a possibilidade de viajar com uma criança.

“Já ouvi falar coisas ruins da estrada, mas não tive dinheiro para comprar passagens de avião, que estava o triplo do valor. A minha maior preocupação é com o meu filho. Muito tempo em um espaço pequeno pode deixar ele estressado”, avalia. Por outro lado, há empresas que oferecem a viagem até o município de Humaitá (a 696 quilômetros de Manaus) por R$ 230. Aldo Oliveira, proprietário da Tema Transportes, contou que, quando as viagens pela BR são paralisadas, a empresa perde em média R$ 50 mil por mês no faturamento.

“Como 80% da rodovia ainda no barro, o trajeto fica bem mais caro que os outros. Manutenção, rastreamento via satélite, motoristas treinados para o revezamento, são alguns dos motivos que deixam esse trajeto com valor mais salgado. Por isso, sempre falo que a empresa oferece esse trajeto para ajudar a população que cobra e precisa dessas viagens, porque, para a empresa, esse trajeto não gera grandes lucros”, observa.

Fiscalização

Segundo uma atendente da Eucatur, que não quis ser identificada, apenas a empresa tem autorização para fazer o trecho Manaus/Porto Velho, por possuir motoristas treinados e automóveis que suportam as condições precárias da estrada. “Existem outras empresas não autorizadas que fazem o transporte clandestino de passageiros sem licença e segurança.

Elas cobram mais barato o valor da passagem, mas não oferecem nenhuma segurança. Alguns dos motoristas não são sequer habilitados. Falta fiscalização na rodovia”, esclarece. Além da BR-319, existem m mais três rodovias federais no Amazonas, a BR-230, que liga Humaitá a Lábrea – em condições tão ruins quanto a 319 -; a BR-174, que liga Manaus a Boa Vista; a BR-307, que faz o trecho Acre/São Gabriel da Cachoeira; e a BR-317, que liga o município de Boca do Acre a Rio Branco. Além de cinco rodovias estaduais, que são a AM-010, AM-070, AM-254, AM352 e AM-354. Todas com condições de infraestrutura melhores que a BR-319.

Na rodoviária de Manaus, é possível encontrar ônibus saindo a partir das primeiras horas do dia para os municípios e outros Estados da região. Acostumada a pegar o transporte toda semana para Boa Vista pela BR-174, a empresária Wal Félix, 55, diz que, além de mais barato, o transporte é confortável e seguro.

“Sempre que preciso viajar para algum lugar que eu possa optar pelo transporte terrestre. As passagens são mais em conta, além disso, nunca tive problemas com a estrada. Porém, não sei se me sentiria segura para ir até Porto Velho pela BR-319”, avalia.

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