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Líderes de organizações no Amazonas veem com cautela primeiros atos de Michel Temer

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30/05/2016

Representantes de entidades da sociedade civil avaliam com cautela as primeiras medidas do governo Michel Temer (PMDB) nos 16 dias que o presidente interino está no comando do País, após o afastamento da presidente Dilma Rousseff (PT). As avaliações passam por elogios às medidas econômicas já apresentadas e críticas às nomeações de ministros investigados na operação Lava Jato.

Para o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seção Amazonas (OAB-AM), Marco Aurélio Lima Choy, Michel Temer não deveria nomear investigados no alto escalão do governo.

“A Ordem foi uma das primeiras (entidades) a se manifestar pedindo a saída do então Ministro do Planejamento, Romero Jucá (PMDB-RR). A OAB já se posicionou em relação à presença de mulheres no governo, algo que a OAB espera que tenha. Outro ponto é em relação ao aumento da carga tributária, da qual somos contra e do qual alguns ministros chegaram a falar como o retorno da CPFM. São pontos fundamentais que a Ordem vem colocando, além de, é claro, dar continuidade das investigações da Lava Jato”, afirmou Choy.

Apesar das críticas ao novo governo, o presidente da OAB-AM afirmou que ainda acredita nas instituições, com a ressalva de que as instituições ainda têm jeito. “Agora, estes caminhos precisam ser aprumados. Acho que não dá para se pensar em um governo que permite pessoas ainda investigadas na administração”, frisou.

Para o presidente do Centro das Indústrias do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco, a redução dos custos da máquina pública, uma das primeiras medidas apresentadas por Temer, é uma necessidade.

“O que sustentamos é que estas medidas sejam apresentadas e aprovadas pelo Congresso (Nacional) e implementadas para se sentir realmente os efeitos da reação do mercado e dos investidores”, afirmou.

Questionado sobre as possibilidades de redução de investimentos em benefícios sociais, Périco afirmou que estas medidas não são novidade. “A gestão anterior (da presidente Dilma) já tinha apresentado claras demonstrações de que reduziria os valores dos programas sociais. Já se falava e é necessário que se veja a questão da previdência social. Não tem nada de novo. O direcionamento dos ajustes do custo da máquina pública não tem distanciamento grande do que já estava sendo feito pela gestão anterior, só que não estava sendo divulgado”, afirmou.

Sobre os ministros da área econômica escolhidos pelo atual governo, o presidente da Cieam avalia como pessoas capazes.

Mais preocupado com questões que envolvem direitos trabalhistas, o presidente da Força Sindical no Amazonas, Vicente Filizzola, afirmou que torce para que o governo Temer dê certo. “Esperamos que a gestão coloque o País no eixo para que haja desenvolvimento e geração de empregos, que é o grande problema hoje dos trabalhadores brasileiros”, afirmou.

Filizzola afirmou, ainda, que alguma coisa deve ser feita em relação à previdência social. “Agora, não pode ser feito na marra. Tem que ouvir os segmentos de trabalhadores e de empresários para chegar a um consenso e o governo está mostrando esta capacidade de ouvir a população”, disse.

O secretário de organização da Central Única dos Trabalhadores (CUT) no Amazonas, Berenício Lima, afirmou que as medidas apresentadas até agora dão conta de redução de direitos sociais. “Tem a proposta de limitar a idade de aposentadoria que ele (Temer) está com medo de apresentar agora, a suspensão de 11 mil casas do programa Minha Casa Minha Vida. Até agora, o governo está apenas colocando a culpa nos trabalhadores e nós não aceitamos pagar esta conta”, disse.

Medidas de apoio ao capital estão sendo aprofundadas

O professor do curso de Sociologia da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Marcelo Seráfico, afirmou que o governo de Michel Temer está aprofundando as medidas de apoio ao capital que já eram feitas pela presidente afastada Dilma Rousseff.

“As primeiras medidas já foram de cunho anti-popular com anúncios de prováveis cortes em saúde e educação. Ou seja, os cortes necessários para fazer caixa para ao governo seguir confiável aos olhos do capital financeiro vão se dar em gastos sociais”, frisou.

Seráfico criticou a intenção de acabar com o fundo soberano. “Ele foi criado a partir do pré-sal e seria destinado a educação. A própria orientação do governo Dilma já não era de privilegiar à área social. O que vemos é que vamos provar novamente do veneno das políticas neoliberais”, afirmou.

Para o antropólogo e também professor da Ufam, Ademir Ramos, o presidente acertou muito mais que errou nos primeiros dias de governo. “Ele deu um caráter de semiparlamentarismo ao seu governo. No campo político, ele fez uma coalisão partidária, chamando as lideranças para o seu governo, chamou para si a responsabilidade moral, ética e política. O positivo aqui é que não teve nenhuma relação mercantil explícita no ‘toma lá, dá cá’, a composição se deu em cima de um projeto político”, disse.

Ainda segundo o antropólogo, o presidente montou um ‘triunvitaro’ na gestão. “São três aspectos: planejamento, econômico e gabinete. Estes campos estão bem definidos, um no campo político, outro a questão organizativa de gestão, e o gabinte faz a articulação com os movimentos sociais com a agenda direta do presidente”, disse.

Arcebispo teme que pobres ‘paguem a conta’

O arcebispo de Manaus, dom Sérgio Castriani, disse temer que os mais pobres paguem a conta do reajuste econômico proposto pelo presidente interino.

“Acho que Michel Temer está no caminho certo, deve-se ‘cortar na carne’, porque, se não tem dinheiro, tem que economizar, agora aonde cortar é que é a grande questão. As questões sociais devem ser vistas com mais atenção, senão serão os pobres a ‘pagar a conta’ de novo. Geralmente, é a população mais pobre e mais carente que acaba pagando a conta. As grandes fortunas, os bancos nunca perdem”, afirmou o arcebispo.

Sobre os ministros nomeados, Castriani afirmou que não viu grandes novidades. “Ficou, praticamente, na mesma, né?! O (Henrique) Meirelles (atual Ministro da Fazenda) era presidente do Banco Central na época do (ex-presidente) Lula. Então, não tem novidades, quem mandava, vai continuar mandando. Sem esquecer que o Temer foi eleito na mesma chapa da presidente Dilma, por isto estão no mesmo caminho. Politicamente, não teve muitas mudanças”, avaliou o arcebispo.

Segundo Castriani, é difícil, em tão pouco tempo de governo, ter uma avalição mais completa sobre as primeiras medidas.

Para o presidente da Ordem dos Ministros Evangélicos do Amazonas (Omeam), Pastor Sadi Caldas, as medidas anunciadas pelo presidente podem resultar em reações positivas na economia e na política.

“Todos estão aguardando que estas medidas possam dar resultado, se não a curto ou a médio prazo, mas a longo prazo. Estamos também orando a Deus para que dê certo. Eu não diria se ele está no caminho certo, mas diria que ele está tentando acertar, porque ele fez as escolhas que, na ótica dele, são as escolhas certas e nós precisamos aguardar para ver o resultado na indústria, comércio e nos serviços essenciais, como educação, segurança, saúde”, disse.

Fonte: Portal D24am.com

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