11/10/2018
(*) Augusto Barreto Rocha
A infraestrutura como o todo é que possibilita o
desenvolvimento econômico. Isso vale para áreas como
transporte, energia e telecomunicações. Compreender que
isso se dá antes de qualquer atividade produtiva é um dos
maiores desafios
para a gestão pública e política de regiões
remotas, como na Amazônia. No Brasil, ao longo da primeira
metade do século passado, foram feitos investimentos
expressivos para dotar as regiões Sudeste e Sul de
infraestrutura e pouco a pouco as demais regiões do país
foram timidamente contempladas com alguns recursos.
Entretanto, a região Norte do Brasil e em especial o Amazonas
nunca recebeu as necessárias contrapartidas por todo o gasto
feito nas demais regiões. Assim, o país se desdobrou na
construção de rodovias, pontes, portos e aeroportos no
Sudeste, permitindo que aquela região concentrasse a maior
parte do desenvolvimento econômico advindo destes recursos
aportados. Depois, no final
do século passado e início deste
século, enormes hidrelétricas foram construídas no Norte para levar energia para as demais regiões do país. Todavia, as
contrapartidas nunca chegam por aqui. É como se a região
servisse de mero provedor de recursos para o já rico Sudeste e
isso mantém uma subserviência na região.
Tenho defendido que, apenas para o setor de transportes,
2,5% do PIB do Amazonas seja destinado para obras que
corrijam as deficiências
conhecidas no estado. Contudo, o
número atual é cerca de 20% deste montante. Como Diretor
Adjunto da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas
(Fieam) e Coordenador de Comissão no Centro das Indústrias
do Estado do Amazonas (Cieam), já tive a oportunidade de
integrar esforço em diferentes Fóruns e discussões com
respeito ao problema de transportes.
É chegada a hora de também discutir o problema da Energia.
Na próxima semana, no dia 17/10, a Comissão de
Infraestrutura, Energia e Telecomunicações da Fizeram e
Cieam realizarão o I Fórum de Energia na Indústria. As
alternativas de redução de custos serão o pano de fundo do
evento. Haverá um Painel sobre o Mercado Livre de Energia,
que se apresenta como a oportunidade do momento para os
maiores consumidores de energia, porque o excessivo custo de
energia da região pode, em alguns casos, ser reduzido.
A segunda mesa do evento será a respeito da Energia Solar.
Desde 2004, por meio de estensivos programas, a Alemanha
tem adotado esta solução, mesmo não sendo um país
exemplar no que diz respeito à insolação ao longo de todo o
ano. Segundo dados do Fraunhofer ISI deste ano, a Alemanha
já tem 9,8% de seu consumo advindo de energia solar. Ao todo
40,3% de sua energia já são de fontes renováveis. Em 2015 a
energia solar era apenas 7,1%. Ou seja, a base cresceu cerca de
38% em pouco mais de dois anos. É chegada a hora de
trilharmos este caminho, antes que seja tarde. Esta é a
oportunidade para o futuro.
Os custos da Energia Solar ainda são uma incógnita. Até onde
há oportunidades? Este é o propósito do Painel sobre Energia
Solar que será apresentado no Fórum. Fica o convite para o
dia 16/10/2018, a partir de 14h na Fieam: debater sobre as
oportunidades e desaos
do Setor de Energia para a Indústria
do Amazonas. Sem energia a um custo competitivo, a região
seguirá sendo colônia e seguirá provendo recursos para o
Sudeste. Romper esta barreira histórica é um desafio.
Assim, a
indústria instalada em Manaus precisa compreender mais das
oportunidades que já existem e denir
os passos para uma
melhor construção do futuro.
(*) Doutor em Engenharia de Transportes, Professor do
Departamento de Engenharia Civil da Ufam, é Diretor Adjunto
da Fieam e Coordena a Comissão que realizará o I Fórum de
Energia na Indústria