21/09/2018
Coluna Broadcast publicada pelo Estadão
Os grandes bancos de varejo no Brasil estão reagindo à concorrência das corretoras independentes,
no chamado “efeito XP”. Em uma ofensiva para estancar a sangria da migração de recursos para
essas instituições, cederam e estão colocando um fim, ainda que temporariamente, em algumas
taxas cobradas dos clientes.
Depois de estudar o assunto por alguns meses, o Banco do Brasil deve anunciar em breve que irá
zerar a taxa do investimento em Tesouro Direto. Atualmente, conforme informações do próprio
site do Tesouro Direto, a instituição cobra 0,50%, acima, inclusive, das taxas de concorrentes
diretos, como Santander Brasil e Caixa Econômica Federal, nos quais o custo é de 0,40%. Antes do
BB, o Bradesco, em julho, e o Itaú Unibanco, mais recentemente, fizeram movimentos nesta
direção
Minoria. Das 59 instituições financeiras habilitadas para operar com o Tesouro Direto, menos da
metade – apenas 24 – não cobram taxa alguma dos clientes que optam por essa opção de
investimento. Há pouco mais de um ano, esse grupo contava somente com 15 players. Alguns
zeraram suas taxas, mas ainda efetuam cobrança anual. Pesa para os grandes bancos de varejo não
só a concorrência com as corretoras independentes, mas também o cenário de juros baixos, que
obriga essas instituições a serem mais competitivas para atrair clientes ou, ao menos, não perdêlos.
Previdência. Além do Tesouro Direto, os grandes bancos de varejo no Brasil também estão revendo
as taxas cobradas nos planos de previdência privada, cuja captação de recursos tem sido impactada
pela redução da taxa básica, a Selic, uma vez que boa parte dos recursos estão alocados na renda
fixa e, portanto, rendendo menos. No primeiro semestre, a previdência privada aberta viu sua
captação líquida encolher em cerca de 30%, conforme a Federação Nacional de Previdência Privada
e Vida (FenaPrevi).
Zera tudo. Neste sentido, o BB também deve zerar a taxa de carregamento dos seus planos de previdência privada. Na
entrada, o banco já não fazia esse tipo de cobrança. Na saída, a taxa de carregamento também não exista após 37 meses de
investimento, a depender do segmento do cliente. Agora, o BB vai zerar a taxa para todo mundo na saída. A empresa do
banco que atua no segmento, a Brasilprev, é líder em captação de recursos neste mercado. Bradesco, em dezembro do ano
passado, e Itaú e Santander, na sequência, também já retiraram esse custo dos clientes.
Não exagera. Apesar da ofensiva dos grandões do varejo bancário para não perderem clientes, a iniciativa de corte nas taxas
não deve alcançar outras frentes como, por exemplo, as cobradas nas contas-correntes. Até mesmo porque ainda não há
concorrência que justifique os pesos pesados abrirem mão de uma receita tão importante, principalmente em um momento
no qual o crédito ainda não retomou todo o seu vigor. Procurado, o BB não comentou.