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Empresas apontam aumento de estoques no 4 º trimestre

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23/01/2017

O processo de ajuste de estoques que vinha dando alívio à indústria desde o fim de 2015 foi interrompido no último trimestre de 2016. Entre outubro e dezembro, a indicador da Sondagem da Indústria de Transformação, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), cresceu 0,8 ponto em relação ao observado no trimestre até setembro, chegando a 109,1 pontos. Quanto mais distante de 100, maior é o número de empresas que declaram ter estoques em excesso.

Entre as quatro categorias acompanhadas, a deterioração foi concentrada em bens de consumo. No caso dos duráveis, levando em consideração a média móvel trimestral – medida que expurga em parte as oscilações de curto prazo -, houve estagnação no último trimestre. Em bens não duráveis, por sua vez, o nível de estoques chegou a piorar, na mesma comparação, em novembro e dezembro. Se confirmada como tendência, a interrupção do ciclo pode prolongar ainda mais o horizonte de retomada da produção da indústria.

A coordenadora da sondagem, Tabi Thuler Santos, ressalta que houve, ao mesmo tempo, uma discrepância maior entre a demanda atual e a prevista – os empresários estão frustrados com o volume de pedidos, mas acreditam que situação deve melhorar futuramente. Esse é mais um dado negativo porque, caso eles estejam enganados e a demanda não decole, as fabricantes passarão a acumular ainda mais estoques. “É o pior resultado desde 2001 e 2002, quando a diferença entre esses indicadores atingiu o máximo da série.”

A situação é especialmente preocupante no segmento de bens de consumo não duráveis. “A diferença entre a previsão de demanda e a demanda atual mostra uma tendência clara, com resultados negativos e persistentes, o que já parece afetar os estoques”, afirma Tabi, fazendo referência à forte piora observada em dezembro, quando o índice de estoques saltou de 107,5 para 112.

Essa é uma categoria em que, via de regra, se consegue prever melhor a demanda. Boa parte do que é produzido, como alimentos, são menos elásticos à renda – ou seja, ainda que o rendimento das famílias caia, eles recuam em menor intensidade, já que são itens mais básicos.

Entre os 19 segmentos acompanhados, 9 tiveram piora no nível de estoques nos últimos três meses de 2016. A maior deterioração se deu nos ramos de alimentos e limpeza e perfumaria – esse último acumula, até novembro, cinco meses de quedas consecutivas na produção, no confronto com o mês anterior – e têxtil e vestuário.

“Estoque excessivo é um erro de cálculo”, diz Rafael Cagnin, do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), referindo-se à percepção muitas vezes otimista dos empresários em relação à demanda. Diante do mercado de trabalho ainda bastante debilitado, ele pondera, a capacidade de recuperação do mercado interno neste início de ano é bastante limitada. Assim, caso o desequilíbrio dos estoques se aprofunde, é possível que as fabricantes optem por frear mais uma vez a produção.

O setor automotivo foi um dos poucos que apresentaram melhora – e expressiva -, ainda que seus estoques permaneçam bastante desajustados. Entre outubro e dezembro, o índice recuou 10,6 pontos, para 123,7, depois de chegar a 151,6 em dezembro de 2015. O desempenho, diz Cagnin, é reflexo do aumento das exportações nos últimos meses, especialmente para Argentina e México.

“Esse aumento ajuda a arrefecer a ociosidade, mas não resolve”, afirma. O prolongamento da recessão, segundo Cagnin, provoca “perturbações” na cadeia produtiva – como o desaparecimento de fornecedores, por exemplo – que se manifestam no médio e longo prazo e atrapalham a retomada.

Para Rodolfo Margato, do Santander, o processo de ajuste de estoques perdeu fôlego porque a economia ainda não tem vetores claros de recuperação. “Antes o ritmo de ajuste era forte porque o gap [entre demanda e queda na produção] era considerável.” Entre janeiro e novembro, a produção da indústria como um todo recuou 7,1%, na comparação com o mesmo período de 2015. Em bens de consumo duráveis, a contração foi quase o dobro, 15,4%, e na de bens de capital, a redução foi de 13,2%

Mesmo a retomada do setor automotivo, ele pondera, não deve manter o ritmo expressivo observado em novembro, acima de 200 mil unidades por mês. “Talvez algo um pouco abaixo disso. Só em 2018 o setor deve ter um crescimento mais robusto”. Para ele, o dado mais positivo de estoques vem da categoria de bens intermediários, que está com os níveis praticamente ajustados.

Rodrigo Miyamoto, economista do Itaú, avalia que o ajuste cíclico de estoques deve se estender além do esperado, fazendo com que o crescimento da produção seja um pouco mais lento. “No entanto, haja vista o comportamento já observado no setor automotivo, ainda enxergamos o término do processo de redução de estoques nos meses à frente”, diz em relatório.

Fonte: Eletrolar.com

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