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É hora do protagonismo civil

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18/07/2017

Por Alfredo MR Lopes (*)

alfredo.lopes@uol.com.br

Uma pesquisa da respeitável empresa alemã GfK, de 2016, mostrou que a classe política do Brasil é, entre as 30 maiores economias do mundo, aquela que goza de menor respeito da população. Em clima de campanha eleitoral, de mandato tampão, isso remete à necessidade do protagonismo da sociedade civil para o acompanhamento maior das ações públicas e da ampliação de mecanismos que assegurem transparência nos gastos , questionem planos de governo e exijam espaço de participação do tecido social. De quebra, aqui estão os critérios de avaliação dos candidatos e de escolha à luz desses compromissos. O candidato ou candidata mais confiável será aquela que se afastar dos velhos paradigmas políticos, e que estiver comprometida em adotar a transparência e a gestão compartilhada como visão de mundo e premissa de governança. E como ninguém governa para si, outra exigência fundamental é a capacidade de trabalhar em equipe que represente a demanda e o direito do cidadão.

O protagonismo da sociedade deve ser também o paradigma do setor produtivo. Quem promove a geração de riqueza precisa assumir seu papel e contribuição na gestão das verbas públicas. A indústria do Amazonas se esvazia por conta do boicote e da negligência federal. A lei não restringe a produção de nada e veta incentivos à apenas 5 produtos. O veto de gaveta tem imposto até 5 anos de espera quando a lei impõe 120 dias para liberar a produção de um novo produto. Por que não iniciar, com mandato de segurança, a fabricação de placas de energia solar, drones, óculos de sol, laboratory-on-chip, equipamentos para o agronegócio, impressoras a laser ou quaisquer artefatos da inovação da indústria eletroeletrônica ou bioeconomia com demanda de mercado?

Na semana passada, foi proposto um gabinete da crise para recuperar a rodovia que liga Manaus ao resto do país. A ideia é ligar as máquinas e começar a trabalhar como fazem aqueles que administram recursos privados em governança corporativa. Chega de balela e conversa estéril. Enquanto se recupera a estrada, aqueles que são pagos para cuidar de sua manutenção e prevenção de riscos que trabalhem em sintonia colaborativa.

Emissários do setor privado, ligados ao Centro da Indústria, foram no início do mês a São Carlos-SP, a referência nacional de inovação e tecnologia, que inclui Embrapa Instrumentação, USP e UFSCar, em busca de parcerias. A missão representa mais uma etapa de interlocução que incluem USP, FIPE, FGV Direito, Coalizão Brasil Clima, Insper, Instituto Escolhas visando esboçar a integração da economia local e a busca integrada de saídas da buraqueira institucional que a classe política impôs. O Brasil é maior do que a crise institucional e de credibilidade que se cristalizou. Dai o imperativo da mobilização.

Temos um estádio de futebol vazio de espetáculo e de pudor, construído a peso superfaturado de custos, em cima da implosão de outro, cujas obras de ampliação, com 10% do que foi gasto, atenderiam as exigências da FIFA. Temos uma ponte que liga Manaus a beira do Rio Solimões, com prioridade questionável e gastos inaceitáveis, mas não temos porto público, energia e comunicação compatíveis, balizamento hidroviário, entre outras demandas, sob o signo das contradições, que incluem a dissociação entre academia e economia. Os alunos saem da escola sem entender a especificidade, demandas e oportunidades do lugar em que vivem. Estes são algumas das razões do descrédito na classe política, formada em sua maioria por indivíduos despreparados, aventureiros e bem intencionados na direção de si mesmos. Daí a necessidade de rever escolhas, formatos e perfis dos gestores, da modelagem de gestão e da transparência na aplicação dos recursos que pertencem ao cidadão. É hora, pois, do protagonismo civil, do setor privado, em favor do bem comum e da cidadania.

(*) Alfredo é filósofo, ensaísta e consultor do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam)

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