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Com potencial crescente, painéis solares ainda são raros em Manaus

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17/06/2019

Notícia publicada pelo Jornal do Commercio

Antonio Parente

O uso do sistema de painel solar em Manaus pode levar o consumidor a ter uma redução de até 95% na conta de energia elétrica. Conforme números da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), o Amazonas é o Estado que paga a tarifa de energia mais cara do país, com o quilowatt hora chegando a R$ 1,07, enquanto média nacional é de R$ 0,87. Para especialistas, devido às boas condições climáticas e por estar na Região Amazônica, Manaus é apontada como uma das cidades do Brasil com maior viabilidade para instalação do sistema solar fotovoltaico.

“A redução da conta pode chegar em até 95% conforme a capacidade de geração instalada e havendo geração superior ao consumo a operadora registra esse crédito na conta do cliente e este tem até 60 meses para usar, sendo possível ainda cadastrar outra unidade de consumo para usar esses créditos”, explicou o gerente comercial Raimundo Nonato Dias da GV Sun Energy, empresa especializada em projetos e instalações de sistemas fotovoltaicos.

Segundo Raimundo, a instalação de um sistema de geração própria varia de acordo com a demanda do cliente, quanto maior o consumo maior o investimento, e com retorno médio na conta de luz menor que 4 a 5 anos.

“Um cliente com conta mensal aproximado de R$ 800 instala um sistema com investimento de R$ 24 mil, no primeiro mês já terá uma economia aproximada de R$ 500, ou seja 62%. Com base nesta economia, em 48 meses ele pagará seu sistema, sem considerarmos os reajustes anuais que em 2019 já ultrapassa 16%, e considerando que a garantia de geração é de 25 anos”, explicou.

O engenheiro elétrico André Luis de Oliveira, diretor técnico da Empresa Eneergia, explica que o sistema deve ser personalizado para cada tipo de cliente e perfil de consumo. Além disso, é permitido fazer um comparativo para levar o melhor entendimento sobre qual melhor investimento pode ser feito junto à rede da concessionária, de acordo com cada necessidade.

“Exemplo de um consumidor residencial ou comercial que paga em média por mês R$ 500. Esse consumidor paga por ano R$ 6 mil. Se considerarmos um aumento médio nas tarifas de apenas 10% ao ano, que é muito mais abaixo do que já tivemos nos últimos anos. Esse consumidor em 5 anos terá gasto com conta de luz cerca de R$ 33 mil. Se esse mesmo consumidor investir cerca de R$ 27 mil em um sistema solar fotovoltaico terá o retorno do investimento próximo de 4 anos e em 25 anos o terá economizado em torno de R$ 320 mil ficando livre dos altos valores pagos com a conta de luz e dos aumentos imprevisíveis que acontecem pelo menos uma vez por ano”, disse.

Além disso, ele explicou que quanto maior o valor pago nas contas de luz para consumidores residenciais e comerciais, menor o tempo de retorno do investimento. “Muitos consumidores industriais em todo país estão aderindo também essa solução, pois as tarifas de energia não para de subir”, frisou.

Amazonas com potencial

Conforme números da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), o Amazonas é o estado que paga a tarifa de energia mais cara do país, com o quilowatt hora chegando a R$ 1,07, enquanto média nacional é de R$ 0,87. Para especialistas, devido às boas condições climáticas e por estar dentro da região Amazônica, Manaus é apontada como uma das cidades do Brasil com maior viabilidade para instalação do sistema solar fotovoltaico.

A Aneel já havia divulgado mês passado, a elevação de até 50% no valor das bandeiras tarifárias em todo o Brasil. Desde o dia 1º de junho, a bandeira amarela passou de R$ 1,00 para R$ 1,50 a cada 100 Kwh consumidos. Já a bandeira vermelha no nível 1 subiu de R$ 3,00 para R$ 4,00, um aumento de 33,3%. A bandeira vermelha no nível 2 teve alta de 20%: de R$ 5,00 para R$ 6,00.

Sistema é apoiado pelo Governo

O sistema conta com incentivos do governo para a instalação, sendo boa uma opção de energia limpa que contribui com o ecossistema. De acordo com a Resolução 482 da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) de 2012, que regulamenta a microgeração e minigeração distribuída aos sistemas de distribuição da energia elétrica nacional, todo consumidor cadastrado no Ministério da Fazenda, seja por CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) ou CPF (Cadastro de Pessoa Física), tem concessão para conectar um sistema de geração própria de origem renovável.

Energia Limpa

Raimundo ressaltou que o uso do sistema propicia uma melhor qualidade de energia pela proximidade do aparelho instalado ao ponto de consumo, estrutura diferente das geradoras de energia atuais que possuem o sistema instalado longe das residências. Além desse ponto, outra vantagem destacada é a questão ecológica, pois a geração de energia solar deixa de emitir toneladas de CO² no meio ambiente, não agredindo a camada de ozônio.

“Na fatura de energia, o consumidor passa a pagar uma fatura muito mais barata, podendo chegar na casa de R$ 47,00 (taxa de disponibilidade) mais impostos, esse valor é referente à clientes de baixa tensão sendo atendidos por uma rede bifásica ou na casa de R$ 94,00 (taxa de disponibilidade) mais impostos, esse valor é referente à clientes de baixa tensão sendo atendidos por uma rede trifásica”, explicou.

Segundo ele, o sistema pode ser instalado em solo, telhado ou laje e possui expectativa de vida útil e durabilidade por no mínimo 25 anos, e deve seguir todo o passo a passo, como forma de garantir o correto dimensionamento, instalação e adequação às normas de distribuidora. As modificações estruturais são realizadas apenas quando necessário, caso o engenheiro civil conteste que o telhado ou laje não suporte o peso adicional das placas e estruturas, será necessário realizar um reforço ou manutenção no local para acomodar o sistema.

“Durante a geração fotovoltaica parte da energia gerada pelo sistema fotovoltaico é consumida na residência e outra parte é injetada na rede da concessionária. Em outras palavras, quando a geração fotovoltaica for maior que o consumo interno da residência, essa energia excedente é injetada na rede da concessionária, fazendo com que o medidor bidirecional compute esses créditos de energia injetados na rede. O valor a ser faturado é a diferença positiva entre a energia consumida e a injetada, sendo que caso esse valor seja inferior ao custo de disponibilidade, para o caso de consumidores de baixa tensão, será cobrado apenas o custo de disponibilidade”, explicou.

Iniciativa valoriza questão ambiental

Segundo o Adalberto Carim, juiz titular da vara do meio ambiente, o uso da energia solar já é uma realidade que se faz presente no Brasil, e precisa ser incentivado cada vez mais pelo governo. Ele ressaltou, que o sistema pode ser usado como solução efetiva quanto ao abastecimento de energia no Amazonas alinhando a questão de preservação do meio ambiente e economia no bolso dos consumidores.

“O que me levou a fazer o uso desse sistema no primeiro momento foi tomar uma medida do ponto de vista do ecologicamente correto e que permitisse economia no final do mês na conta de energia e ao mesmo tempo saber que estou contribuindo com a natureza, evitando a queima de combustíveis fósseis e impedindo que matéria poluente chegue a atmosfera usando uma energia limpa que me trará muitos benefícios no que tange a economia. Vejo a energia solar como uma solução efetiva e eficaz para os problemas que nossa região. Nossos governadores, nosso políticos tem que olhar com um olhar mais claro e especial para a utilização desse desse tipo de energia”, disse.

Baixa procura no Amazonas

Raimundo Nonato explica, que mesmo com grande potencial de produzir energia limpa em grande escala, a procura por instalação de painéis é muito abaixo da expectativa por causa do grande investimento exigido, e até mesmo devido atuação situação de instabilidade econômica que ainda atinge a vida dos amazonenses. Segundo dados, o Amazonas hoje ocupa o 24º lugar no ranking de geração distribuída de energia solar, com apenas 1,4MW (megawatts) produzidos, número que representa 0,2% da energia solar gerada da matriz energética do País.

“Tratando-se de um produto ainda novo no mercado e devido aos componentes serem importados o custo ainda não é acessível para a grande parte da população. O nosso Estado tem um dos maiores índices de desemprego do Brasil e a incerteza econômica também é um fator que impede as pessoas de fazerem investimentos em médio prazo, o que restringe o mercado consumidor deste produto há clientes a partir da classe média”, explicou.

Mesmo diante do pouco uso do sistema e de sua procura, a necessidade do mercado no estado do Amazonas para a realização desses serviços tem contribuído para o surgimento de muitas empresas do ramo que disponibilizam os serviços. E apesar de se tratar de uma tecnologia nova que está se atualizando de forma rápida com implantação de fábricas de painéis e inversores no brasil, existe atualmente uma tendência na diminuição dos preços no mercado para os próximos anos.

“A procura por essa solução no Amazonas vem crescendo gradativamente, no entanto, para ampliar o números de sistemas instalados em Manaus é importante o entendimento que esse investimento traz, além da contribuição no aspecto ambiental. Apesar disso, há uma tendência que os preços reduzam com o tempo”,disse.

Incentivo financeiro

A resolução 687 da ANEEL de 2015 garante a ampliação da geração de energia sustentável própria, diminui a burocracia e aumenta para 60 meses o prazo para uso dos créditos energéticos. Isso impacta diretamente sobre o mercado de energia elétrica para micro e minigeradores distribuídos, pois cria novos nichos de consumidores e possibilidades de negócios.

Atualmente, diversos bancos possuem planos de incentivo do modelo, oferecendo linhas linhas de financiamento: Santander – CDC Eficiência Energética; BV Financeira – BV Sustentável; CAIXA – Construcard; Banco do Brasil com o BB Crediário e o Bradesco – Leasing Ambiental.

“Hoje o banco BASA (Banco da Amazônia S/A) trabalha com taxas de juros a partir de 0,475% ao mês, atendendo pessoas físicas e jurídicas. outro banco que também trabalha com o financiamento é o BV Financeiro que apresenta taxas de juros a partir de 0,99% ao mês”, explicou André.

Segundo estudos, o Brasil vem se destacando entre os 10 países que mais investiram na geração de energia fotovoltaica, considerando que a radiação solar no Brasil é superior a radiação EUA, Alemanha e China que são os três maiores produtores. Outro fato é que o Brasil tem a 3ª maior reserva de silício do planeta que é a matéria prima principal para fabricação de painéis solares. “A energia solar está no DNA do Brasil e temos todas as condições de em poucos anos estarmos entre os três maiores produtores de energia solar do planeta, gerando mais empregos, economia e sustentabilidade para o planeta”, concluiu o engenheiro.

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