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BR-319: uma estrada e muitas preocupações

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03/12/2019

Augusto Barreto Rocha*

Na semana passada tive a oportunidade de ver o Presidente da República prometer a recuperação da BR-319 em seu governo, com execução da obra do trecho do meio até 2021. Uma promessa importante, que foi seguida por aplausos. Fui ao DNIT, na Internet, e há um Edital de Licitação para o Projeto básico e executivo de engenharia para pavimentação e melhoramentos do chamado “Trecho do Meio”. Parece mesmo que há uma luz verde para a recuperação da rodovia, mesmo que ainda não tenhamos visto o recurso orçado exatamente para este fim.

Muito já foi falado sobre esta rodovia e é difícil acrescentar algo. É um direito de ir e vir; uma possibilidade para o turismo; nova rota para escoar a produção do Polo Industrial de Manaus; alternativa de acesso ao restante do país; inclusão de Manaus e Boa Vista na malha rodoviária nacional, etc. Não faltam razões para vermos a rodovia recuperada, sob o olhar de quem mora ou trabalha em Manaus ou no entorno da rodovia.

Os detratores falam dos riscos ambientais. Os dois lados possuem razão. Os riscos para o meio ambiente existem e precisam ser considerados. Todavia, isso não pode ser um impeditivo para a reconstrução da estrada. Rodovias significam alternativas e possibilidades de atividades econômicas novas. Contudo, com a aproximação da realidade da rodovia, teremos que aumentar a atenção no sentido de realmente começarmos a proteger o Amazonas e sua exuberante floresta.

Nos últimos tempos, quando se fala em um crescente desmatamento na Amazônia, muitos de nós têm optado pela negação pura e simples. Este caminho não é o melhor para aqueles que apreciam e gostam da região. Não podemos negar os riscos associados à rodovia e nem por isso deveremos deixar de fazê-la. Negar os riscos é um erro tão grande quanto não recuperar a rodovia. Ao se imaginar uma interseção entre recuperar a rodovia e considerar os riscos, todas as alternativas que não levem à recuperação da rodovia com a preocupação e ação em relação aos riscos associados é um equívoco.

Isso significa que não é válido não recuperar a rodovia porque existem riscos. Também não é válido recuperar a rodovia e não considerar os riscos associados com a recuperação do trecho do meio. Deveremos ter a capacidade de possuir uma rodovia no meio da floresta Amazônica, com toda a responsabilidade associada a este feito. Tomara que a energia dispendida na luta que está sendo necessária para este objetivo não leve a um comportamento que negligencie a proteção do entorno da rodovia.

Asfaltar o trecho do meio trará um conjunto expressivo de obrigações para o Amazonas e para o Governo Federal. Como sociedade, deveremos car vigilantes e atuantes para evitar que os erros do passado, na Transamazônica e em tantas outras oportunidades em nossa região, não sejam repetidos. O sonho da rodovia não pode ser transformado em um pesadelo. Todas as ações precisarão ser realizadas em paralelo para garantia da sobrevivência da floresta.

As propostas para o Projeto serão abertas hoje: 2 de dezembro. Será importante que junt

*Augusto Barreto Rocha é doutor em Engenharia de Transportes (COPPE/UFRJ), professor da UFAM (Universidade Federal do Amazonas), diretor adjunto da FIEAM, Coordenador da Comissão de Logística do CIEAM.

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