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?“Aprendemos a fazer mais com menos”

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01/02/2018 08:16

Entrevista com Antônio Silva, presidente da Federação da Indústria do Estado do Amazonas

Liderando uma entidade da indústria que teve suas receitas reduzidas em mais de 30%, nas medidas da Reforma Trabalhista, o presidente Antônio Silva presta conta da contrapartida fiscal do Amazonas, aponta novos caminhos e defende a união entre as entidades e a divulgação das oportunidades e dos serviços socioambientais da Zona Franca de Manaus. Confira.

1. Follow Up - Quais são as perspectivas de 2018 e que indicadores permitem vislumbrar a recuperação da economia regional?

Antônio Silva - Neste final de ano, mesmo com as dificuldades enfrentadas pelo varejo, a roda da economia nos colocou na posição de bem-sucedidos médicos intensivistas. Conseguimos conter o sangramento provocado pela crise. E o maior indicador da mudança é reafirmar nossa disposição para o trabalho, nossa maior especialidade. Aprendemos a sobreviver e a fazer mais com menos. No mês de novembro, o Polo Industrial de Manaus (PIM) faturou R$ 8,48 bilhões (US$ 2.59 bilhões), o melhor resultado do ano em moeda nacional e em moeda estrangeira. Somando mês a mês, o PIM faturou R$ 74,9 bilhões, volume que representa um crescimento de 9,92% em relação ao mesmo período de 2016, quando a crise reduzi7 para R$ 68,1 bilhões nosso desempenho. Em dólar, moeda que baliza os investimentos, o faturamento acumulado de janeiro a novembro foi de US$ 23.5 bilhões, significando incremento de 18,47% na comparação com 2016, US$ 19.8 bilhões). Segundo a Suframa, até novembro, o PIM já supera o faturamento total obtido em 2016, tanto em real (R$ 74,7 bilhões) quanto em dólar (US$ 21.9 bilhões).

2. FUp - O desafio, então, é a recuperação dos postos de trabalho?

AS - Esta é uma de nossas preocupações, pois o desemprego é fonte de insegurança. Entretanto, devemos considerar que o desempenho da indústria repercute não apenas segmento da produção, mas dos serviços como um todo, ao longo da cadeia logística de distribuição, Comércio, assistência técnica, securitização, publicidade e propaganda, enfim, recuperando os 2 milhões de empregos estimados a partir de Manaus. O segmento Eletroeletrônico, a maior participação no faturamento do PIM, faturou R$ 22,1 bilhões (US$ 6.9 bilhões) até novembro. Quanta riqueza gerou em termos de receita, empregos e oportunidades? No interior, para onde a indústria destina mais de R$ 220 milhões/ano, cada operação de crédito da AFEAM, agência estadual de fomento, gera três postos de trabalho. Foram mais de 60 mil em 2017.

3. FUp - Por que a mídia nacional nos acusa a toda hora de não prestar da isenção fiscal que recebemos?

AS - Alguns veículos promovem a desinformação premeditada. É conveniente ignorar o que fazemos. Assim, eles nos colocam no paneiro comum da renúncia fiscal do Brasil, onde nossa participação é discreta. Apenas 8% da isenção, que a Suframa explica com detalhes onde é empregada e os benefícios que são gerados. Uma pequena parcela distribuída entre 4 estados da Amazônia Ocidental e 2 municípios no Amapá. O restante, 92%, não presta contas. E mais da metade quem usufrui é o Sudeste, a região mais rica do Brasil.

4. FUp - Precisamos contar tudo isso para o cidadão, e dizer os benefícios dessa contrapartida fiscal. Como fazer isso?

AS - O primeiro passo é promover a união entre as entidades e ampliar o diálogo construtivo com o poder público. Está em nossas mãos promover a união, defender o que fazemos e os avanços que operamos, além de afastar a tentação autoritária de quem quer ser mais legal que a Carta Magna do Brasil. Para isso, vamos ampliar nossa presença na mídia nacional. Não apenas para prestar contas, mas também para atrair novos investimentos. Quem quiser produzir e, ao mesmo tempo, proteger a floresta, que venha para Manaus! Podemos diversificar e interiorizar os benefícios do Polo Industrial de Manaus. Aqui, economia trabalha de mãos dadas com a ecologia. Nossos barco-escola do SENAI, com inserção dos serviços do SESI e demais integrantes do Sistema S, através do Sumaúma I e II, levam essa lição de empreendedorismo e responsabilidade socioambiental para os jovens do interior da Amazônia.

5. FUp - Além dos empregos, quais os serviços ambientais dessa contrapartida fiscal?

AS - Além dos empregos, é importante lembrar, as empresas do Amazonas pagam integralmente a Universidade do Estado do Amazonas, presente em todos os municípios do interior. Esta premissa socioambiental é nossa marca empreendedora. Onde estariam os 5 ou 6 mil colaboradores da Honda, se esta empresa estivesse no Paraguai? Estariam usando a floresta para seu sustento. O Brasil prometeu reflorestar 12 milhões de hectares no Acordo do Clima. O Amazonas conserva mais de 150 milhões de hectares de floresta intocada. E dessa floresta, que a indústria ajuda a manter intacta, sai a umidade que forma as nuvens que abastecem os reservatórios do Sudeste. A Ciência chama este fenômeno de Rios Voadores. Ano passado, o governo brasileiro reconheceu a validade do chamado PIB Verde. Assim, o Amazonas poderá provar que, além de ser o maior Estado da federação, é o mais rico e generoso em serviços ambientais. O mundo emite 10 bilhões de toneladas de resíduos na atmosfera a cada ano. A Amazônia, segundo estudos pagos pelo governo japonês, fixa permanentemente 20 bilhões de toneladas de resíduos com sua floresta exuberante. Estamos buscando parceria com a FIPE, da Universidade de São Paulo, para mensurar o valor deste serviço. Aguardem.!

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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. cieam@cieam.com.br

Publicada no Jornal do Commercio do dia 01.02.2018

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