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?Amazônia: os desafios da gestão competente

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24/08/2018 10:43

“O desenvolvimento da Amazônia precisa ser economicamente viável, ambientalmente adequado, politicamente equilibrado e socialmente justo”. SB

Sob o signo do conceito de sustentabilidade de Samuel Benchimol, estamos às vésperas de um dos eventos mais importantes deste início de milênio, a I Conferência Internacional de Gestão da Amazônia, I AMAS, Amazonian Management Summit. Evento nascido no âmbito do Doutoramento Interinstitucional USP/UEA de Administração, com 22 doutorandos em movimento, já tem vários frutos antes de sua instalação, um deles são os 117 Papers sobre Inovação, Sustentabilidade e Governança, com ênfase nos estudos dos desafios locais. Esta será uma boa surpresa para os participantes. Um Paper, na linguagem acadêmica, é uma narrativa rigorosa de um tema/problema em vias de regulamentação pela ABNT, que pode ser considerado o meio caminho entre artigo científico e monografia. Um instrumento de avaliação em disciplinas ou módulos com nível de pós-graduação. Hoje, trazemos mais um ensaio de Augusto César, conferencista do evento e alguns tópicos da intervenção do empresário Jaime Benchimol, que vai iniciar, de modo polêmico e reflexivo, sua experiência de empreender na Amazônia, os acertos e as lições de um grupo de pioneiros e seus remanescentes quem aqui chegaram no Ciclo da Borracha, com a determinação de aprender as leis da floresta e a disposição de empreender seu conceito de desenvolvimento e prosperidade, hoje cravado com destaque e bravura na paisagem econômica de nosso estado e da região.

Uma mudança de agenda: desenvolver a Amazônia
Augusto César Barreto Rocha (*)

A agenda precisa evoluir do Proteger a Amazônia para Desenvolver a Amazônia. Por qual razão? Porque isso nos interessa. Só para quem mora aqui? Certamente interessa para quem mora aqui e para toda a humanidade, porque daqui podem sair fármacos maravilhosos. Então, por que não se faz isso? Porque as pessoas da região ainda não decidiram se desenvolver.
Em minha visão: Pensamento Ruim, Falta de Necessidade e Baixa Prioridade têm sido as causas seculares que nos têm afastado da vocação de natureza rica e sociedade rica. Alguém nos contou que era melhor manter a floresta preservada, o que é verdade, mas é uma verdade parcial. É melhor manter a floresta preservada, mas também é melhor gerar riqueza a partir da floresta. Precisamos transcender a meia verdade e partir para a verdade absoluta.
Fazer isso não será fácil. Se fosse fácil, todos os rincões do mundo seriam desenvolvidos e ricos. Eu gostaria de ser rico, mas não tenho nada contra quem é rico por seus méritos, sua competência e realizações empreendedoras lícitas. Também não tenho nada contra quem quer ser pobre por vocação ou por conveniência. Cada ser humano pode ser o que quiser. Todavia, não posso ser obrigado a ser pobre porque meia dúzia de gringos acham que não devemos explorar a Amazônia. Nem brasileiros eles são.

No final de agosto, acontecerá o amas – Amazonian Management Symposium. O nome em inglês começa assustando, por dar a impressão de ser algo de mais um gringo querendo definir como nada fazer na região. Entretanto, quem organiza é a USP, a principal Universidade do país e a UEA, a universidade estadual do Amazonas. O apoio para o evento vem da FAPEAM (órgão de fomento à pesquisa do Amazonas), Fiocruz (um dos principais centros de Ciência & Tecnologia para a saúde no país), do CNPq e da CAPES. Isso muda tudo. Todos têm a legítima possibilidade de direcionar a gestão da região e a junção destes pode ser uma das melhores oportunidades para os próximos passos no sentido do desenvolvimento responsável.
O primeiro dia será para lançar sementes para o futuro, com conceituações e visitas. O segundo dia terá um Painel sobre Ciência, Tecnologia & Inovação e outro sobre Sustentabilidade, Biodiversidade e Clima. Ao longo do segundo dia também serão presentados artigos científicos e negócios com uso dos recursos da região.

O último dia trará um Painel sobre Governança, Políticas Públicas e Incentivos, seguido de debates que tem um potencial precioso, como o de estabelecer o papel das ONGs nas políticas da região, seguido da apresentação de artigos científicos. Fica a torcida que os caminhos e prioridades de ações saiam do evento, porque precisamos também da Amazônia para criar uma esperança de desenvolvimento do país, que está mergulhado em um momento de profundo desânimo.

(*) Augusto César Barreto Rocha, Professor da UFAM, Diretor Adjunto da FIEAM, será um dos painelistas do I AMAS

Dez premissas liberalizantes (e polêmicas) para estimular a economia do Amazonas e da Amazônia

Jaime Benchimol (*)

1) O modelo econômico atual do estado do Amazonas baseado principalmente nos benefícios fiscais da ZFM produziu resultados muito positivos ao longo de 50 anos, mas é frágil e difícil de sustentar no futuro diante das pressões por maior eficiência e abertura econômica e também em razão das mudanças tecnológicas. Modelo nos tirou a iniciativa sobre nosso futuro. É hora de priorizar as nossas verdadeiras vocações. Havia mais indústrias em 1960 em relação ao número de indústrias existentes em 2017 no Amazonas.

2) O modelo institucional atual criou barreiras ambientais, legislativas, regulatórias, culturais que desestimulam os investimentos privados ao mesmo tempo que o setor público se mostra incapaz e incompetente em realizar investimentos produtivos e viáveis. A burocracia virou um poder em si mesmo.

3) A promoção da competição, a liberdade de empreender, o bem-estar do consumidor e o retorno ao investidor são os conceitos centrais desse projeto: precisamos promover a reconciliação com o capitalismo.

4) É possível estimular o investimento e o crescimento econômico sem usar recursos públicos e sem depender de autorizações federais. Se precisar ir a Brasília podemos dizer que nada irá adiante.

5) A grande maioria das atividades econômicas, inclusive de infraestrutura podem ser feitas com investimentos privados. Temos exemplos de sobra de investimentos em portos e balsas de grãos na Amazônia, entre outros acertos sem Brasília.

6) Os amazonenses, amazônidas, brasileiros e estrangeiros que desejem investir na Amazônia devem receber o mesmo tratamento, sem xenofobia,
7) Os amazonenses têm o direito de usar, por Lei, até 20% de sua cobertura vegetal, porém, 7.5 milhões de ha ou 5% da área de floresta, lagos e rios (ao invés dos 2% utilizados atualmente) seriam suficientes para aproveitar e explorar o potencial econômico do estado. Nosso posicionamento atual a favor de uma economia verde tem nos tornados reféns do ambientalismo radical.

8) O homem, e a geração atual, não pode deixar de ser parte central da equação e do modelo que queremos construir para o nosso futuro.

9) O papel central do estado e das instituições públicas e privadas, para este projeto, é remover os obstáculos que atualmente elevam demasiadamente os custos, o tempo e os riscos para o empreender na região sem a compulsão burocrática das licenças ambientais, LI, LO, IPHAN, PMM, IPAAM, condicionantes de licenças. Empreender, assim, tem toda a característica de crime e não de aposta na prosperidade.

10) Os direitos a exploração de atividades econômicas inerentes ao poder público que não puderem ser desregulamentados, serão privatizados através de leilões e licitações de forma transparente, uniforme e ágil nos níveis municipais, estaduais e federais evitando-se a concessão de privilégios que distorcem a boa alocação de recursos.
(*) Jaime é empresário e dirigente do Grupo Fogas-Bemol.

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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. cieam@cieam.com.br

Publicada no Jornal do Commercio do dia 24/08/2018


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