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Amazônia e as soluções de algibeira

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18/06/2019

Coluna BrasilAmazônia Agora no site DCI

Há uma inquietação crônica na relação da Amazônia com o Planalto, seus burocratas de mente travada e suas soluções de algibeira. Planejam ao ouvir falar e propõem sem saber no que vai dar. Não há políticas coerentes ou consistentes para o bioma amazônico, nem programas concretos para seus minerais estratégicos, as vocações turísticas e seus gratuitos serviços ambientais. E o que é pior: são raras as mentes atiladas capazes de entender que não é possível conceber sem antes coabitar no sentido bíblico e conjugal do termo. Nesse artigo a inquietação do professor e empresário Augusto César Barreto Rocha, doutor em Engenharia dos Transportes, mistura angústia com indignação diante de mais uma panaceia federal. Alfredo MR Lopes.

Plano Dubai: mais um descaso com a Amazônia

Aumentar a competitividade da Zona Franca de Manaus (ZFM) é uma ação importante para a construção do futuro na região Norte e os históricos demonstram que na ZFM existem bons resultados. Temos muito a perder se isso for realizado da maneira errada. Existem ações no interior dos regulamentos que vão, pouco a pouco, suportando ou destruindo. Por exemplo, a portaria SECEX Nº 441/2019 - altera para zero por cento as alíquotas do Imposto de Importação incidentes sobre os Bens de Informática e Telecomunicação que menciona, na condição de ex-tarifários. Em um primeiro olhar, são itens não produzidos no país, então tudo bem. Todavia, não é bem assim, pois com alíquota de importação zeradas eles jamais serão produzidos aqui. 14% do que importamos no Brasil são eletrônicos, 12% equipamentos de outros tipos... Ora, queremos importar ainda mais? Por qual a razão e para o interesse de quem?

Estratégia errada

Empurrar o Brasil para a mera condição de país extrativista e agrário, ainda mais do que já é, não é boa decisão, porque a relação de quilograma de soja, peixe ou carne de gado é incompatível com o quilograma de eletrônicos. Exportaremos a comida para o trabalhador do exterior, o minério de ferro ou alumínio para os equipamentos e depois pagaremos de volta com os eletroeletrônicos comprados. Este caminho não tem como interessar ao país ou ao Amazonas. É um erro de estratégia.

Quando há este tipo de ação, é possível perceber se há ou não suporte para a atividade industrial em Manaus. Pensamento ruim com boas intenções continua sendo pensamento ruim. Ações bem-intencionadas que levam a redução da indústria vêm sendo tomadas faz alguns anos e continuam sendo tomadas. Uma pena. Entretanto, precisamos começar a contrapor estas ideias erradas, pois se a intenção for realmente positiva, será possível rever o que se pensa.

Queimar plataforma Manaus é insano

Construir uma nova saída econômica para a Amazônia com o Projeto Dubai, recentemente anunciado, meio sem querer e sem detalhes, demonstra a pouca importância que a região segue a ter para os cérebros de Brasília. Poderia até ser algo interessante, mas sem queimar a plataforma de produção atual. O erro da plataforma em chamas cometido pela Nokia não pode ser repetido na ZFM. Naquele momento, o CEO da Nokia entendeu que o Symbian era uma plataforma em chamas e por isso deveria ir para o Windows Phone. A companhia era líder de mercado, mas abandonou a plataforma operacional antes de ter outra. Sabemos o desfecho, pois aquela companhia jogou fora a liderança global de telefonia celular. Não podemos jogar fora a liderança de produção de eletroeletrônicos porque há a hipótese ou possibilidade de produzir pescados ou fármacos na Amazônia, surgida na mente de um assessor que acabou de descobrir que não vendemos peixe, mesmo tendo a maior bacia hidrográfica do planeta.

Dubai, um deserto de saídas

Temos responsabilidade e não podemos deixar de perceber as atitudes estúpidas que poderão destruir o presente sem entregar o futuro. Precisamos corrigir o lado da oferta, primeiro ofertando verdadeiramente os produtos do Plano Dubai, para depois considerar a redução das proteções tarifárias para a indústria, se for o caso. Em economia há dois lados: oferta e demanda. Estamos reduzindo a capacidade de oferta, muito, muito, muito antes de aumentar a capacidade de oferta com outro produto. Como se ofertar biofármacos fosse um problema trivial e resolvível com um plano do segundo escalão do Ministério da Economia, que acabou de descobrir que não temos liberdade ou infraestrutura para produzir remédios para o mundo. A ação deveria ser corrigir a falta de capacidade para produzir turismo, ao invés de primeiro destruir a possibilidade produzir impressoras por aqui. Não dá para ter paciência, pois isso é lição do primeiro dia de aula de macroeconomia. Ainda bem que a decisão vem do segundo escalão, mas triste mesmo é ver aplausos para o erro. Tomara que a associação com Dubai não seja para transformar a Amazônia em um deserto, mas até agora é o que nos parece.

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