19/07/2018
Reportagem publicada pelo informativo do Conselho de Economia - AM
A seleção natural das espécies ocorre pela necessidade de sobrevivência na adaptação às modificações ambientais. É um processo lento, de modo que rápidas alterações no meio ambiente - como o provocado pelo desmatamento da Amazônia - destroem o equilíbrio ecológico deixando várias espécies ameaçadas de extinção. Comportamento que se repete com as organizações: “somente sobrevivem aquelas que se adaptarem às transformações econômicas e tecnológicas”, afirma o economista Rodemarck de Castello Branco.
Até os anos 60 do século passado,
relembra, as mudanças tecnológicas
eram mais lentas, facilitando o processo
de assimilação pelas empresas. Com a
Terceira Revolução Industrial, baseada
na tecnologia digital, as empresas foram
compelidas a serem mais ágeis na adaptação
às novas tecnologias e a uma economia
mais globalizada. “Com a Quarta
Revolução Industrial em curso, baseada
em inovações tecnológicas disruptivas,
as ameaças a sobrevivência de empresas
tiveram aumento exponencial. Sucumbiram ou reduziram sua relevância empresas
mundiais - Kodak, Blockbuster, Olivetti,
Blackberry, Nokia, dentre outras.
Outras aproveitaram as janelas de oportunidades
pelo avanço tecnológico, revolucionando
o mercado de consumo
com o lançamento de produtos até
então inexistentes”, destaca.
Mudanças tecnológicas
Historicamente, países e regiões perderam
protagonismo por mudanças tecnológicas
e/ou econômicas. Em
contrapartida, países aproveitaram as
tecnologias disruptivas para saltos de
produtividade, de expansão econômica
e de bem-estar social. Castelo Branco explica
que são vencedores países que desenvolvem
fatores impulsionadores da
prosperidade: qualidade das instituições,
recursos humanos qualificados, ambiente
propício à inovação, infraestrutura
de logística e poupança doméstica.
Para ele, nas próximas décadas, a
magnitude e a complexidade da 4ª Revolução
Industrial – impulsionada por
tecnologias capazes de romper com padrões e modelos já estabelecidos no
mercado – redesenhará a geografia econômica
mundial, criando vencedores e
perdedores
São abundantes os sinais de impacto
da convergência tecnológica no Polo Industrial
de Manaus (PIM), observa o economista,
demonstrando a redução do
ciclo de vida dos bens de consumo –
surgem e desaparecem com celeridade.
No caso do televisor (23% do faturamento
do PIM), o avanço da digitalização
e as novas tecnologias aumentarão a
concorrência com outros dispositivos conectados
à Internet – afetando a sua demanda.
Por sua vez, o polo de bens
intermediários será impactado pelo aumento
do grau de compactação de funções
em poucos componentes -
diminuindo ainda mais a agregação de
valor no processo final de produção -, o
que exigirá escalas mais elevadas de
produção para viabilização de planta industrial
para produção de componentes
de alto teor tecnológico. “Fator dificultador
do adensamento da cadeia produtiva
regional”, dispara.
Alternativas para o PIM na 4ª Revolução
Em contraposição às forças que geram vulnerabilidade, descortina-se à economia regional amplas janelas de oportunidades na Quarta Revolução Industrial. “Fatores de atração no PIM são a presença de fábricas mundiais; e como fatores de repulsão, as deficiências na infraestrutura, fragilidade do sistema de ciência e tecnologia e imobilismo de sua elite. Para tanto, o PIM necessita incorporar no processo novos produtos criados a partir das novas tecnologias. Como alternativa, o economista Castelo Branco cita a biotecnologia, que oferece ferramentas para o aproveitamento da biodiversidade da Amazônia, possibilitando o surgimento da bioindústria na área de fármacos, fitocosméticos e biomateriais.