21/05/2019
Notícia publicada pelo Jornal Acrítica
Larissa Cavalcante
Mais de 3,4 milhões de refugiados e migrantes venezuelanos estão fora do seu país de origem por diversos motivos, como violência, perseguição,desabastecimento,falta de acesso a serviços, inflação e insegurança,conforme dados recentes divulgados pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR). Os países da América Latina e do Caribe acolhem cerca de 2,7 milhões de venezuelanos à procura de assistência e proteção.
De acordo com o oficial dos meios devida da ACNUR, Paulo Sérgio Almeida, 68,5 milhões de pessoas se deslocam,forçadamente,no mundo por causa de guerras, conflitos e situações que ameaçam a própria sobrevivência.
Desse total, 40 milhões de imigrantes são deslocados internos, 25,4 milhões são refugiados e 3,1 milhões são solicitantes de refúgio. Cerca de 85% das pessoas deslocadas estão em países em desenvolvimento, segundo levantamento da ACNUR.
"O número tem crescido nos últimos anos e preocupa muito justamente a vulnerabilidade dessas pessoas, sobretudo, parte desse fluxo migratório é de crianças e adolescentes. O desafio adicional da região é o deslocamento de pessoas indígenas que traz um desafio extra de vulnerabilidades adicionais específicas",disse Paulo Sergio,ontem,durante seminário regional sobre refugiados,migrantes e vulnerabilidades que reúne até hoje representantes dos governos federal, estadual, sociedade civil e especialistas do Brasil, Colômbia,Equador,Peru,Venezuela, União Europeia e agências das Nações Unidas.
Dos 55 abrigos de imigrantes mapeados pela ACNUR,72% são de iniciativa da sociedade civil. No processo de interiorização dos imigrantes venezuelanos, que estão em Roraima, as modalidades são: abrigo (estaduais, municipais e da sociedade civil), reunião familiar (abrigados espontaneamente por famílias), interiorização por oferta de emprego e por reunião social, acolhimento por amigos.
O oficial dos meios devida da ACNUR disse que o Brasil tem sido um exemplo nas políticas de acolhida de refugiados e imigrantes venezuelanos. "Os governos locais têm demonstrado muita generosidade e se empenhado de forma árdua e solidária no acolhimento dessa população", disse.
Mesma concepção é compartilhada pelo ministro conselheiro da Embaixada da França, Gilles Pecassou. Ele pondera que os movimentos migratórios nunca serão fáceis de ser Gerenciados do ponto de vista logístico e político. "Isso deve sermotivo de orgulho para os brasileiros e não de confrontação ideológica. Manaus é um ponto de passagem quase obrigatório para quem vem de Roraima e conhece bem esse desafio colocado pelo fluxo populacional. Muitas respostas às problemáticas migratórias só poderão se reencontradas se houver uma melhor cooperação entre os estados envolvidos", afirmou.
A ACNUR aponta como desafios da integração local o acesso ao mercado de trabalho, educação (revalidação de diplomas e certificados, oferta de cursos de português e acesso à educação profissional), moradia, acesso à serviços de informação e discriminação e xenofobia.
Destaque
A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) define que refugiados são pessoas que estão fora de seu país de origem devido a fundados temores de perseguição relacionados a questões de raça, religião, nacionalidade, pertencimento a um
determinado grupo social ou opinião política, como também devido à grave e generalizada violação de direitos humanos e conflitos armados.
Personagem
DIRETORA INSTITUCIONAL
Irajane Souza
Famílias são acolhidas
Em Manaus, famílias venezuelanas encontram abrigo na casa Oasis, localizada no bairro Adrianópolis, Zona Centro-Sul. De acordo com a diretora institucional Irajane Souza, o abrigo é o único da sociedade civil que recebe famílias inteiras. Criado há nove meses, a Casa já atendeu 90 pessoas e hoje acolhe 30 venezuelanos, sempre durante o período de três meses. "Começou porque eu vivi na Venezuela durante 15 anos e quando cheguei aqui, em 2018, muitas pessoas que me conheciam começaram a pedir ajuda. Sentimos que a maior debilidade estava em receber famílias. Temos muitas famílias separadas neste momento de fragilidade. Segundo Irajane, o abrigo realiza a socialização, atendimento psicossocial, médico e aulas, por exemplo, de português, artesanato e de preparação para o mercado de trabalho. "Todos saem já trabalhando. Depois de três meses, eles tem condições de manter as suas famílias. O grande sucesso que temos tido é que nenhum
deles voltou para rua. Nós trabalhamos única e exclusivamente com doações voluntárias", disse a diretora do abrigo. A instituição também atende 40 famílias com cesta básica, kit de higiene, roupas e medicamentos. Irajane também participou ontem do primeiro do seminário sobre "Refugiados, Migrantes e Vulnerabilidade: Compartilhando Experiências e Fortalecendo Respostas na América do Sul" no Palacete Provincial.
Prefeitura anuncia aluguel de sítio
O prefeito Artur Neto (PSDB) anunciou ontem, durante o seminário regional, que a prefeitura vai alugar um sítio no quilômetro 53 da AM-010, rodovia que liga Manaus a Itacoatiara, para abrigar os imigrantes indígenas venezuelanos da etnia Warao.
A declaração foi após o Ministério Público Federal (MPF) no Amazonas recomendar abrigos diferenciados para os indígenas. "É um belo sítio que reproduz o habitat do qual viviam os índios Warao. Sentimos que para eles é uma angústia ficar numa cidade grande.
Eles vêm para um país de cultura, língua estranha e o meio ambiente completamente diferente do que moravam. Lá eles poderão pescar, criar animais,viver no mundo rural e até caçar", disse o prefeito. Em busca de sobrevivência, os indígenas venezuelanos começaram a migrar para Manaus desde o início de 2017. Além de abrigos e casas de acolhimentos, grupos de refugiados venezuelanos ocupam a área ao redor da rodoviária de Manaus.
A secretária municipal da mulher, assistência social e cidadania, Conceição Sampaio, afirmou que o modelo de acolhimento rural já está definido e nem todos os indígenas irão para o sítio.
"Já temos muitos indígenas urbanos. Precisamos inserir essas pessoas no nosso dia a dia, por exemplo, como os haitianos. Talvez a ideia de abrigo não seja sempre possível.
Se fizermos a interiorização olhando o passivo que está na rodoviária e fora dos abrigos a
resposta será mais positiva", declarou Conceição Sampaio.
O MPF constatou que o atual modelo de abrigos coletivos tem resultado em vários conflitos e por isso pede a mudança para o modelo descentralizado, com acomodações destinadas a abrigar grupos familiares menores, segundo recomendação
divulgada no dia 7 de maio.
Em números #566
Mais de 500 indígenas venezuelanos da etnia Warao chegaram a Manaus É o número de indígenas venezuelanos da etnia Warao que já estão em Manaus, segundo dados da Prefeitura, e estão distribuídos nas três casas de acolhimento do município localizadas nos bairros Alfredo Nascimento, Centro e no Coroado, Zona Leste.