CIEAM | Centro da Indústria do Estado do Amazonas CIEAM | Centro da Indústria do Estado do Amazonas

Notícias

Eleição e futuro da Amazônia

  1. Principal
  2. Notícias

17/10/2018

Ivânia Vieira

Professora da Ufam

articulista de A CRÍTICA

e-mail: ivvieira @uol.com.br

A Região Amazônica, povos e recursos naturais, irá enfrentar batalhas terríveis nos próximos quatro anos. O cenário de futuro próximo está fundado no avanço de diferentes formas de devastação dessa parte do planeta: população são deslocadas, expansão do agronegócio, poluição, adoecimentos e mortes; formação de cidades onde a pobreza é tão vasta quando a ideia de Amazônia. As garantias constitucionais da região estão sob ameaça. O projeto desenvolvimentista passa por nós como trator, esmaga gente e semente.

A possibilidade de vitória de uma candidatura do perfil da de deputado Jair Bolsonaro representa a submissão da Amazônia aos negócios empresarias internacionais transformando-a em área aberta à pilhagem concedida em larga escala. Que tipo de interlocução poderão ter representantes de povos indígenas e quilombolas com um governo delineado pelo autoritarismo e à devoção ao mercado? Qual será a função das instituições e entidades que desde a redemocratização do Brasil travam lutas para assegurar a floresta em pé, a vida e a dignidade dos povos indígenas e dos povos da floresta? Os avisos dados, há poucos meses, de revisão das terras indígenas, suspensão de processos de demarcação dessas terras são hoje uma ameaça real de concretização. As condições de realização dessa ameaça estão postas.

Grupos nacionais e internacionais têm mapeados os espaços e as matérias-primas que querem da Amazônia e, sob a égide de um governo da violência, recebem a senha para retirar tudo o que for considerado obstáculo a efetivação de suas propostas. Aos indígenas, desqualificados desde já, assim como negros e quilombolas, os confrontos se apresentam nesse primeiro quadro e formam as linhas grossas do desenho do amanhã. E tendem a ser confrontos com muito sangue a ser derramado nesta Amazônia profunda. Há 11 dias da eleição presidencial, os brasileiros desconhecem qual é a proposta do candidato Bolsonaro para o meio ambiente.

E quem se importa com isso? As décadas de luta contra o desejo de entregar a Amazônia ao mercado internacional/nacional e de defesa dos direitos dos povos indígenas não conseguiram ser traduzidas em princípios da nação brasileira. São noções fragilizadas e, no contexto ético-político atual, sem importância maior para a sociedade nacional. A condição Amazônia-problema volta à cena com toda a carga de discriminação, racismo e desejo de resolver, pela via direta e pragmática do mercado, este problema do Brasil. Essa ideia não é nova, resiste e reaparece vigorosamente nas ondas de governos neoconservadores que atingem diferentes países. Setores religiosos, das forças armadas e do Congresso Nacional eleito comungam desse mesmo raciocínio. Aos nordestinos foi ‘oferecido’ capim em ato público, com apoio de muitos, o que levou as seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) apresentar nota de repúdio e formalizar notícia-crime. Aos povos da Amazônia, o ‘napalm’ à moda brasileira pode vir a ser mais uma vez acionado. O hoje na Região Amazônica é essa fração de tempo para reagir e manter a luta pela democracia.

Coluna do CIEAM Ver todos

Estudos Ver todos os estudos

Diálogos Amazônicos Ver todos

CIEAM | Centro da Indústria do Estado do Amazonas © 2023. CIEAM. Todos os direitos reservados.

Opera House