16/07/2018
Notícia publicada pelo Em Tempo Online
A grave crise econômica tem resultado no processo de desindustrialização no país inteiro. Decisões políticas têm desestabilizado especialmente a capital amazonense. Prova disso, é saída de algumas fábricas do Polo Industrial de Manaus (PIM), como a Siemens, que encerrou suas produções na cidade há duas semanas. Nesse cenário, setores como o de eletroeletrônicos, plásticos, papelão e concentrados correm sérios riscos.
Representantes de órgãos como a
Superintendência da Zona Franca de
Manaus (Suframa) e entidades como a
Federação das Indústrias do Estado do
Amazonas (Fieam) evitam citar nomes
de fábricas que podem sair ou chegar ao
PIM, pois o processo pode não ser
finalizado.
O fechamento das portas da alemã no
complexo fabril local pode acarretar em
um efeito dominó, ou seja, outras
indústrias também podem colocar um
ponto final na linha de produção. Por
enquanto, conforme especialistas e
representantes da indústria, o setor
plástico e de concentrados são os com
mais tendência a dizer “adeus” ao PIM.
Para o presidente do Centro da
Indústria do Estado do Amazonas
(Cieam), Wilson Périco, o processo de
desindustrialização é uma situação
triste para todo o Brasil. Vários fatores
levam as empresas a desistirem de
continuar com as atividades em
complexo fabril.
“É necessário, antes de tudo, melhorar o
ambiente, principalmente, no que diz
respeito à infraestrutura. Além disso, há
um alto custo logístico com o transporte
fluvial”, disse o dirigente.
“Falta uma política industrial, pois
diferentes setores podem perder
empresas que estão com vários anos de
operação no PIM. É um risco muito
alto”, destacou.
Para o deputado estadual Serafim
Correa, não deve haver novas saídas de
empresas, ao menos até o fim deste ano.
“Houve uma fragilização no setor de
concentrados. Cada fábrica que se
despede é uma perda muito grande.
Mas, até dezembro, deve haver
estabilidade”, salientou.
Siemens
Em nota, a Siemens informou que, para
seguir o direcionamento estratégico de
oferecer produtos e soluções
tecnológicas globais, está aprimorando
seu portfólio de baixa tensão no Brasil.
Dessa maneira, as linhas de produção
presentes na fábrica do PIM estão em
fase de descontinuidade.
A empresa garante, conforme a nota,
que os quase 300 colaboradores da
fábrica terão todos os direitos
estabelecidos em lei assegurados. Além
disso, o aproveitamento de parte do
quadro funcional será analisado para
realocação em outras unidades da
empresa.
A Siemens continua presente na Região
Norte do Brasil, empregando mais de
250 colaboradores por meio da empresa
Guascor. A companhia está em 20
localidades nos Estados do Acre,
Amazonas e Pará, onde atua na geração
de energia distribuída com potência
instalada de 190MW, atendendo mais
de 760 mil habitantes em comunidades
remotas da região.
Alto aporte
Desde o fim do ano passado, a fábrica
estava engatinhando e investindo em
melhorias nos processos. A fábrica
chegou a ganhar prêmios internacionais
por qualidade e produtividade. Apesar
da redução de quadro, o processo ficou
automatizado para manter a
competitividade na linha de produção.
A grande dificuldade foi continuar
oferecendo produtos ultrapassados no
mercado.
Com a decisão nas mãos dos alemães,
no início deste ano foi anunciado que a
Siemens iria fechar as portas no PIM.
Apesar do interesse em manter a
fábrica, que era boa, capacitada, com
pessoas motivadas, eles também
fizeram um esforço para manter aberta
em Manaus e com novos produtos. Mas
pela atual situação econômica do país,
não fazia sentido para o investidor da
Siemens continuar insistindo em um
mercado que está fraco.
Inúmeras reuniões para calcular e avaliar cenários foram feitas até a decisão final. “Infelizmente, poucos funcionários vão ser reaproveitados, alguns vão para outros Estados, e alguns vão até para outros países. Mas apenas 5% do quadro que vai ser reaproveitado pela situação econômica que não está favorável para a Siemens”, argumentou o ex-funcionário.
Apoio ao antigo funcionário
O ex-funcionário garantiu que a empresa está dando todo o apoio para a recolocação no mercado. “É uma situação triste, mas todos estão saindo com a sensação de dever cumprido, todos vão ganhar um ano de cesta básica. É uma pena que uma empresa com mais de 30 anos de PIM tenha que fechar as portas. Nos últimos meses, eram cerca de 300 funcionários, hoje apenas 20 estão trabalhando para resolver os últimos detalhes do fechamento total. A linha de produção não está mais funcionando. No máximo em setembro as chaves do galpão serão entregues para o proprietário”, explicou.